Uma Rica Mulher Visita o Túmulo do Filho e Encontra uma Mãe Chorando com sua Criança

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**Diário de uma Mulher Transformada**

O céu de outono estava carregado de nuvens cinzentas, como se o próprio tempo refletisse o peso no coração de Beatriz Almeida, uma das mulheres mais poderosas de Portugal.

A sua fortuna, construída em imóveis, tecnologia e filantropia, não trazia consolo naquele momento. Nenhum palácio em Lisboa, nenhum carro de luxo, nenhuma capa de revista preenchia o vazio deixado pelo seu único filho, Guilherme, morto num acidente de carro que ainda parecia um pesadelo sem sentido.

Caminhava devagar pelo relvado húmido do Cemitério dos Prazeres, em Lisboa, o seu casaco negro contrastando com o branco do seu cabelo preso num coque impecável. O silêncio só era interrompido pelo grasnar dos corvos e pelo farfalhar das folhas secas.

Beatriz tinha o hábito de visitar o túmulo do filho todos os meses, mas naquela manhã sentiu algo diferente. Os seus passos hesitaram, como se o corpo pressentisse que aquela visita não seria comum. Ao avistar a lápide de mármore branco com o nome *Guilherme*, sentiu um nó na garganta. Cada letra gravada na pedra trazia-lhe uma memória dolorosa.

O sorriso adolescente, as discussões sobre negócios, as vezes em que ele insistia que queria viver com simplicidade, longe do poder e da riqueza. Beatriz, sempre rígida, nunca entendera. Agora, talvez fosse tarde demais.

Ao aproximar-se, algo a fez parar. Havia uma mulher ajoelhada diante do túmulo, segurando uma criança pequena. O contraste era evidente. A mulher, de pele morena e traços simples, vestia roupa humilde, como quem trabalhava em empregos cansativos. O rosto estava banhado em lágrimas. A criança, loura e de olhos claros, não devia ter mais de dois anos e olhava em redor, confusa, agarrando-se ao colo da mãe como se buscasse proteção.

O coração de Beatriz acelerou. *Quem era aquela mulher? Por que chorava diante do túmulo do seu filho?* Sentiu uma mistura de indignação e curiosidade. Aprofundou-se com a postura altiva que sempre a definiu, mas a voz saiu mais suave do que esperava.

— Quem é você? — perguntou, firme mas sem hostilidade. — E por que está aqui, diante do túmulo do meu filho?

A mulher olhou para cima, os olhos vermelhos. Abriu a boca, mas as palavras custaram a sair. Apenas uma lágrima escorreu pelo seu rosto, e aquilo comoveu Beatriz mais do que ela admitiria.

— Eu… — a voz da mulher quebrou. — Não queria incomodar. Só precisava vir.

O vento ficou mais frio, passando entre as lápides como um sussurro misterioso. A criança estendeu a mãozinha para Beatriz, numa inocência que a desarmou. Naquele instante, algo profundo aconteceu. Foi como se o mundo parasse, e a dor da perda se misturasse com um novo sentimento.

— Diga-me a verdade — insistiu Beatriz, a voz firme mas os olhos frágéis. — O que você tem a ver com o meu filho?

A mulher respirou fundo, apertando a criança contra o peito.

— Chamo-me Mariana. O seu filho… ajudou-me. Mudou a minha vida.

Beatriz franziu a testa. *Guilherme?* Sempre vivera entre a alta sociedade. Como poderia ter cruzado o caminho de alguém como Mariana?

— Ele apareceu numa noite em que eu limpava escritórios, exausta e com medo de perder o emprego. Tratou-me com bondade. Ofereceu-me comida, ouviu a minha história. Ajudou-me quando eu mais precisei.

Cada palavra abria uma fenda na imagem que Beatriz tinha do filho. *Guilherme nunca me contou isto.*

Mariana olhou para a criança, os olhos cheios de lágrimas.

— Ele… deixou-me isto. — A voz falhou. — Este menino é seu neto.

O mundo girou. Beatriz sentiu as pernas fraquejarem. *Um neto?* O rosto da criança era idBeatriz estendeu a mão, tocou o rosto do menino e, pela primeira vez em anos, sentiu que a vida ainda lhe reservava amor.

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