Romance de suspense sombrio com mistério e perigo intrincados

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Romance de suspense sombrio com mistério e perigo intrincados, A noite caía pesada sobre Lisboa. A cidade respirava silêncio, interrompido apenas pelo som distante das ondas a baterem nas docas do Tejo. O ar tinha cheiro a sal e chuva. Nas ruelas estreitas de Alfama, passos ecoavam. Um homem avançava com pressa, escondido sob um sobretudo negro. Chamava-se Henrique Moreira — jornalista investigativo, conhecido por ir até o fim em busca da verdade.

Mas naquela noite, a verdade parecia mais perigosa do que nunca. Henrique carregava consigo um envelope manchado de tinta e sangue. Dentro estava um único bilhete: “Não confies em ninguém. Procura o Códice.”

Henrique sabia que aquelas palavras eram mais do que uma ameaça — eram uma pista. Uma pista que podia mudar tudo.

O Código

Henrique regressou ao seu pequeno apartamento no Bairro Alto. As ruas pareciam cerradas contra ele, como se a própria cidade o estivesse a vigiar. No envelope havia um mapa. Um mapa antigo de Lisboa, com um local marcado em vermelho: a antiga prisão de Caxias.

Há anos, essa prisão encerrara casos misteriosos — desaparecimentos inexplicáveis, vozes ouvidas nas celas vazias, lendas de um objeto chamado Códice. Diziam que o Códice continha segredos capazes de derrubar governos. Henrique sabia que não podia ignorar. Era o seu trabalho investigar, mas desta vez sentia que ia demasiado fundo.

Ele decidiu viajar para Caxias naquela mesma noite. No caminho, o carro avançava por estradas sinuosas, entre névoa e silêncio. A sensação era de estar a entrar num labirinto sem saída.

A Prisão

A prisão estava abandonada há décadas. Portas enferrujadas rangiam quando Henrique as abriu. No corredor principal, paredes com grafitis antigos contavam histórias de prisioneiros desaparecidos. Um vento frio atravessava o edifício, trazendo consigo sussurros inaudíveis.

Henrique entrou numa cela marcada no mapa. No chão, um pequeno baú de madeira. Dentro estava um diário. Ao abrir, Henrique encontrou páginas com escrita cifrada e desenhos estranhos. Entre as páginas, uma chave antiga e um pequeno cartão com palavras gravadas: “A verdade está na água.”

Antes que pudesse pensar mais, ouviu passos. Alguém aproximava-se. Henrique escondeu o diário e a chave. Quando abriu a porta da cela, encontrou um homem alto, de rosto encoberto, que falou com voz rouca:

“O Códice não pertence a ti. Afasta-te ou desaparecerás.”

Henrique respirou fundo. Essa ameaça apenas o deixou mais decidido.

O Enigma

Henrique regressou a Lisboa com o diário e a chave. Pesquisou durante dias em arquivos e bibliotecas antigas. Descobriu referências ao Códice da Água, um artefacto misterioso ligado ao Tejo e a uma sociedade secreta que existia desde a fundação da cidade.

Cada pista levava-o mais fundo numa rede de segredos. Amigos tornaram-se suspeitos, aliados tornaram-se inimigos. Um telefone anónimo começou a enviar-lhe mensagens: “Eles sabem onde estás. Não confies.”

Henrique percebeu que estava a ser seguido. Alguém movia-se nas sombras da sua vida. E o tempo estava a esgotar-se.

O Labirinto

A chave levou Henrique a uma passagem secreta sob a Ribeira das Naus. Um labirinto de túneis esquecidos, inundados de água e mistério. O silêncio era quase sufocante. Passo a passo, Henrique avançava, sentindo a presença de algo oculto.

No centro do labirinto, encontrou uma porta de pedra com inscrições antigas. A chave encaixou perfeitamente. Ao abrir, uma luz fraca iluminou um salão subterrâneo. No centro, repousava o Códice. Um livro com capa de couro negro, coberto de símbolos indecifráveis.

Quando Henrique tocou o Códice, uma onda de vertigem percorreu-lhe a mente. Ouviu vozes — não ao seu redor, mas dentro dele. Segredos surgiram, memórias que não lhe pertenciam. Um medo profundo invadiu-o.

O Perigo

Ao sair do labirinto, Henrique percebeu que não estava sozinho. Figuras encapuzadas bloqueavam a saída. Eram membros da sociedade secreta. Um deles avançou e disse:

“O Códice não pode existir fora daqui. Quem o possuir destrói o equilíbrio.”

Henrique recusou devolver o livro. Uma perseguição começou pelas ruas antigas de Lisboa. Entre becos e praças, chuva e sombras, Henrique tentava escapar. Mas o som dos passos aproximava-se sempre, como se a cidade inteira estivesse contra ele.

No meio da perseguição, Henrique percebeu que alguém próximo lhe havia traído. A mensagem no envelope inicial não fora um aviso — fora uma armadilha.

A Escolha

Henrique encontrou-se junto ao Tejo, onde o som das águas parecia trazer respostas. Uma voz misteriosa ecoou: “O Códice só pode ser destruído na sua origem.”

Ele abriu o livro, lendo símbolos que não compreendia. Compreendeu então: o artefacto não era apenas um objeto. Era um código. Um segredo antigo que podia alterar destinos.

Henrique olhou para a água. Sabia o que tinha de fazer. Com um último suspiro, lançou o Códice ao rio. Uma luz intensa brilhou na superfície, seguida de silêncio absoluto.

As figuras encapuzadas desapareceram. A cidade voltou ao seu ritmo normal, como se nada tivesse acontecido. Mas Henrique sabia que o perigo nunca morre. Apenas espera.

A Sombra Continua

Henrique regressou ao seu apartamento. As ruas de Lisboa estavam calmas. Mas na sua mesa estava um novo envelope, idêntico ao primeiro. Dentro havia apenas uma frase:

“O jogo continua.”

Henrique suspirou. A cidade era mais profunda do que qualquer investigação. E em cada sombra, um novo mistério esperava para nascer.

Lisboa nunca dormia. E ele também não.

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