Por Conselho da Mãe, Ele Levou a Doente Esposa ao Bosque… Um Ano Depois, Ela Voltou

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Por conselho da mãe dele, o marido levou a esposa, que sofria de uma doença grave, para uma floresta abandonada… Um ano depois, ele voltou para casa.

Quando a Inês se casou com o Diogo, tinha apenas vinte e dois anos. Jovem, cheia de vida, com olhos brilhantes e o sonho de uma casa que cheirasse a bolos acabados de sair do forno, risos de crianças e muito amor. Ela acreditava que era o seu destino. Ele era mais velho, mais reservado, um pouco desleixado e severo, mas no silêncio dele, ela encontrou uma certa segurança. Pelo menos foi o que pensou naquela altura.

A sogra recebeu-a com frieza desde o primeiro dia. Os olhos dela diziam tudo: “Tu não és digna do meu filho.” A Inês esforçou-se ao máximo: limpava, cozinhava, tentava agradar. Mas nunca era suficiente. A sopa estava sempre sem sal, a roupa mal passada, olhava para o marido com demasiado amor. Tudo a irritava.

O Diogo não dizia nada. Crescera numa família onde a palavra da mãe era lei. Ele não queria magoá-la, mas calava-se e sofria em silêncio. Mesmo quando a Inês começou a ficar fraca, a perder o apetite e mal se conseguia levantar da cama, ele atribuiu tudo ao cansaço. Nunca lhe passou pela cabeça que ela tinha uma doença sem cura.

O diagnóstico veio de repente. Fase terminal. Inoperável. Os médicos abanavam a cabeça, sem esperança. Naquela noite, a Inês chorou no travesseiro, escondendo a dor do marido. De manhã, sorriu novamente, passou-lhe as camisas, fez sopa, ouviu as críticas da sogra. O Diogo estava cada vez mais distante. Os olhos dele já não a procuravam, a voz tornou-se fria.

Um dia, a sogra aproximou-se dele e disse em voz baixa:
“Ela é jovem, tem de viver. E tu… estás só a carregar um fardo. Para quê? Leva-a, leva-a para a tia Lurdes, no campo. É sossegado, ninguém vai julgar. Descansas. Depois, começas uma vida nova.”

Ele não respondeu. Mas no dia seguinte, sem dizer uma palavra, arrumou as coisas dela, ajudou-a a entrar no carro e levou-a para a aldeia, onde as estradas acabam e o tempo passa devagar.

Ela ficou calada a viagem toda. Não perguntou nada, não chorou. Sabia a verdade: não era a doença que a estava a matar, mas a traição. O fim da família, do amor, da esperança—tudo desapareceu no momento em que ele ligou o motor.

“Aqui vais estar segura,” disse ele, tirando a mala do carro. “Vais sentir-te melhor.”

“Vais voltar?” – sussurrou ela.
Ele não respondeu. Apenas acenou com a cabeça e foi-se embora.

Os aldeãos traziam-lhe comida, a tia Lurdes aparecia de vez em quando para ver se ela ainda estava viva. A Inês ficou ali semanas. Meses. Olhava para o teto, ouvia a chuva na telha, via pela janela as árvores a balançar com o vento.

Mas a morte demorava.
Passaram-se três meses. Depois seis. E um dia, um jovem enfermeiro apareceu na aldeia. Com um olhar bondoso, gentil. Começou a visitá-la, fazia-lhe transfusões, dava-lhe os remédios. A Inês não pediu ajuda, mas já não queria morrer.

E aconteceu um milagre. Primeiro, levantou-se da cama. Depois, foi até ao alpendre. Mais tarde, até ao banco da praça. As pessoas admiravam-se:
“Estás melhor, menina?”
“Não sei,” respondia ela. “Só quero viver… achas isso estranho?”

O jovem enfermeiro tornou-se uma presença constante na vida da Inês. Não falava muito, mas o olhar tranquilo dava-lhe confiança. Todas as manhãs, ela esperava o som dos passos dele na estrada de terra da aldeia. Aos poucos, o corpo dela ganhou força, mas o mais importante era que o espírito começou a renascer.

Começou a caminhar pela mata, a sentir a terra húmida debaixo dos pés, o cheiro dos pinheiros e das folhas caídas, um alívio estranho no peito. As lágrimas, que antes eram de tristeza, misturavam-se agora com gratidão por estar viva. Cada dia, a vida parecia mais clara, mais valiosa.

Os aldeãos habituaram-se a vê-la sentada no banco da praça, a conversar com o enfermeiro ou só a olhar para o céu. Ela começou a ajudar no que podia: cozinhava para os vizinhos, cuidava da horta, ouvia quem precisava de desabafar. Cada gesto fazia-a sentir mais humana, mais forte.

Um dia, enquanto caminhava por um trilho coberto de folhas douradas, a Inês encontrou uma carta escondida entre os ramos de um velho carvalho. Reconheceu-a de imediato: era da mãe dela, escrita anos antes, cheia de amor e conselhos que nunca tinha lido. As mãos tremiam-lhe, e lágrimas quentes corriam pelas faces. A carta dizia que a vida, por mais dura que fosse, sempre valia a pena ser vivida com dignidade e esperança.

O enfermeiro, que se chamava Tiago, estava lá quando ela leu a carta. Não disse nada, apenas a observou com respeito. A Inês sentiu um calor no coração que não sentia há anos. Entendeu que, mesmo com um passado marcado por traição e solidão, ainda podia construir um futuro.

Com o tempo, a Inês começou a ensinar as crianças da aldeia a ler e a escrever. O riso voltou a ouvir-se nos seus lábios—aquele riso há tanto tempo perdido. Cada criança que lhe sorria era uma lembrança de que a vida podia florescer mesmo depois da dor mais profunda.

Numa tarde de outono, enquanto o sol se escondia atrás das serras, o Tiago e a Inês caminharam até à beira do rio. A água refletia o dourado e o vermelho das folhas. A Inês pegou na mão dele e, sem palavras, percebeu que tinha encontrado algo que nunca julgara possível: confiança e amor verdadeiro.

“Nunca achei que pudesse sentir-me viva outra vez,” disse ela, suavemente.
“E eu nunca imaginei encontrar alguém que me ensinasse a cuidar como tu,” respondeu ele, sorrindo.

Os anos passaram. A Inês nunca voltou à cidade onde tinha sido traída, nem àquele casamento. Não guardou rancor, porque entendeu que a verdadeira força não estava em vingar-se, mas em perdoar e seguir em frente.

Com a saúde recuperada, decidiu construir uma pequena biblioteca na aldeia. Era o seu presente à vida e à comunidade que a tinha acolhido. Cada livro na estante era um símbolo de resiliência, de esperança, de recomeços.

A tia Lurdes continuava a visitá-la, agora com orgulho. “Olha o que conseguiste, Inês,” dizia. “Sobreviveste à tempestade e floresceste num jardim que tu mesma plantaste.”

A Inês percebeu que a sua vida não se definia pelo que tinha perdido, mas pelo que escolhera construir. A traição, a doença, o abandono… tudo tinha sido um capítulo doloroso que a tornara mais forte, mais sábia, mais capaz de amar.

Numa tarde de primavera, com flores a cobrir o campo, a Inês e o Tiago organizaram uma pequena festa na aldeia. Os vizinhos trouxeram comida, música e risos. As crianças corriam pelos campos, cheias de alegria. A Inês parou um momento e respirou fundo, sentindo o ar fresco no rosto.

“Olha o caminho que percorremos,” disse o Tiago. “Não”E, sob o céu estrelado daquela noite tranquila, a Inês percebeu que finalmente tinha encontrado não só a cura para o corpo, mas também a paz para a alma.”

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