Pai, aquela garçonete é a cara da mamãe!” — O homem olhou e ficou paralisado… Ela havia morrido!

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Era um sábado de manhã quando a chuva caía sem parar. Tiago Mendes, um jovem empreendedor do mundo da tecnologia e pai viúvo, entrou numa pequena pastelaria de bairro com a sua filha de quatro anos, Leonor. Há anos que ele não sorria. Desde a noite do acidente que levou a sua esposa, Beatriz, o mundo parecia mais escuro—mais silencioso, de um jeito que nem o sucesso nem o dinheiro conseguiam preencher.

A pastelaria cheirava a café fresco e bolos acabados de sair do forno. Leonor sentou-se perto da janela, balançando os pés e cantarolando uma canção que só ela conhecia. Tiago olhou para o cardápio, pensativo, a mente ainda nublada por mais uma noite em claro.

Foi então que Leonor disse algo que lhe cortou a respiração.

“Pai… aquela senhora parece a Mamã.”

Tiago ergueu os olhos.
Do outro lado da sala, uma jovem empregada conversava com um cliente. Tinha os mesmos olhos castanhos serenos. O mesmo sorriso com covinhas. A mesma inclinação da cabeça que outrora iluminava o seu mundo.

O coração parou.
Beatriz?
Impossível.

Ele sabia todos os detalhes do acidente: o carro destruído, o funeral, a papelada. Tinha identificado o corpo pessoalmente.
E, no entanto… aquela mulher podia ser a sua gémea.

A empregada virou-se, encontrando o seu olhar. Por um breve instante, o seu sorriso desvaneceu-se, os olhos arregalando-se antes de se afastar rapidamente para a cozinha.

O pulso de Tiago acelerou.
Coincidência? Ou algo que ele nem conseguia nomear?

“Fica aqui, querida”, sussurrou para Leonor, levantando-se da mesa.

No balcão, perguntou em voz baixa: “A empregada com o cabelo preso em rabo-de-cavalo—posso falar com ela?”
O pasteleiro hesitou, depois desapareceu pela porta.

Os minutos arrastaram-se. Finalmente, ela apareceu.

De perto, a semelhança era ainda mais impressionante—as mesmas sardas, a mesma pequena cicatriz perto da sobrancelha esquerda.
“Posso ajudar?”, perguntou, cautelosa mas calma.

“Você parece… incrivelmente familiar”, disse Tiago com cuidado. “Conheceu alguém chamada Beatriz Mendes?”

Um lampejo rápido cruzou o seu rosto—desaparecido num instante.
“Não”, respondeu suavemente. “Desculpe.”

Ele ofereceu o cartão de visita. “Se lembrar de algo, por favor ligue.”

Ela sorriu educadamente mas não o aceitou. “Tenha um bom dia.”

A mão dela tremia ao afastar-se.

Naquela noite, Tiago não conseguiu dormir.
Seria possível?
Abriu o portátil e começou a pesquisar registros públicos. A pastelaria não tinha lista de funcionários, mas encontrou um único nome numa crítica online: Sofia.

Sofia.

Havia algo que parecia… intencional.

Pela manhã, contratou um investigador discreto.
“Descubra tudo o que puder”, ordenou. “O nome dela é Sofia. Trabalha numa pastelaria na Rua das Flores. Parece exatamente com a minha falecida esposa.”

Três dias tensos depois, o investigador ligou.

“Tiago”, disse devagar, “o relatório do acidente da sua esposa não bate certo. Os registos dentários nunca foram confirmados. A mulher identificada como Beatriz Mendes pode não ter sido a sua esposa. E a empregada? O nome legal dela é Sofia Almeida—mas foi alterado cerca de seis meses depois do acidente. O nome original… era Beatriz.”

Tiago apertou o telefone, tonto.
Beatriz. Viva.
A viver sob um novo nome.

Na manhã seguinte, voltou à pastelaria sozinho.
Quando Sofia o viu, não fugiu. Tirou o avental e fez-lhe sinal para um beco sossegado ao lado do edifício.

“Perguntei-me quanto tempo demoraria”, disse ela, os olhos cheios de lágrimas não derramadas.

A voz de Tiago mal se ouvia. “Porquê? Porque desaparecer?”

“Não foi planeado”, respondeu. “Eu devia estar naquele carro. No último minuto, fiquei em casa porque a Leonor estava com febre. Horas depois, aconteceu o acidente. A minha carteira e o meu bilhete de identidade estavam no banco do passageiro. Todos assumiram que…”

Respirou fundo. “Quando vi as notícias, congelei. E, por um momento egoísta, pensei que talvez o universo me estivesse a dar uma saída… uma bênção. As câmaras, a atenção constante, a pressão para ser perfeita—parecia que tinha perdido quem era. Queria recomeçar. Mas depois foi longe demais. Tive demasiado medo de voltar.”

Tiago engoliu em seco. “Todo este tempo… pensei que te tinha enterrado.”

Lágrimas escorreram-lhe pelo rosto. “Nunca deixei de amar-te ou à Leonor. Só me esqueci de me amar a mim mesma.”

“Então volta para casa”, disse ele. “Não como um fantasma. Como tu.”

Naquela noite, Tiago levou-a para casa.
Leonor correu para os braços da mãe com um suspiro de reconhecimento.
“Mamã?”, sussurrou.

Beatriz agarrou-se à filha, soluçando. “Sim, minha querida. A Mamã voltou.”

A reunião não foi um escândalo nem um espetáculo. Tiago usou os seus recursos para resolver os detalhes legais em torno da identidade de Beatriz.
Não houve comunicados à imprensa—apenas jantares em família, histórias antes de dormir, e uma cura lenta.

Semanas depois, depois de pôr Leonor na cama, Tiago perguntou: “Porque ficaste desta vez?”

Beatriz sorriu, as lágrimas a brilhar nos olhos.
“Porque finalmente sei quem sou. Não só a mulher que todos queriam que eu fosse. Não só um nome nas notícias. Sou mãe. Sou eu mesma. E estou pronta para ser encontrada.”

Tiago pegou na sua mão e apertou-a com força.
E desta vez, ela não a soltou.

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