Pai a Casou com um Mendigo por Ela Ser Cega – O Que Aconteceu Depois Deixou Todos Sem Palavras

6 min de leitura

O pai casou-a com um mendigo porque ela nasceu cega, e o que aconteceu a seguir deixou todos sem palavras.

Inês nunca vira o mundo, mas sentia a sua crueldade em cada respiração. Nascera cega numa família que valorizava a beleza acima de tudo.

As suas duas irmãs eram admiradas pelos olhos cativantes e corpos esbeltos, enquanto Inês era tratada como um fardo, um segredo vergonhoso escondido atrás de portas fechadas. A mãe morrera quando ela tinha apenas cinco anos, e, desde então, o pai mudara. Tornara-se amargo, ressentido e cruel, especialmente com ela. Nunca a chamava pelo nome — dizia apenas “aquela coisa”. Não a queria à mesa durante as refeições nem por perto quando havia visitas. Acreditava que ela era uma maldição, e, quando Inês completou 21 anos, ele tomou uma decisão que destruiria o que restava do seu coração já partido.

Naquela manhã, o pai entrou no quarto pequeno onde Inês estava sentada em silêncio, os dedos sobre as páginas de um livro em braille, e deixou um pedaço de pano dobrado no seu colo.

“Vais casar amanhã”, disse, sem emoção. Inês congelou. As palavras não faziam sentido. Casar? Com quem?

“É um mendigo da igreja”, continuou o pai. “Tu és cega, ele é pobre. Um bom casamento para ti.” Ela sentiu o sangue fugir-lhe do rosto. Quis gritar, mas nenhum som saiu da sua boca. Não tinha escolha. O pai nunca lhe dera escolha.

No dia seguinte, casaram-se numa cerimónia rápida e sem pompa. Claro que ela nunca viu o rosto dele, e ninguém se atreveu a descrevê-lo. O pai empurrou-a na direção do homem e ordenou-lhe que lhe pegasse no braço. Ela obedeceu como um fantasma no próprio corpo. Todos riam por trás das mãos, murmurando: “A cega e o mendigo.” Depois da cerimónia, o pai entregou-lhe um saco com algumas roupas e empurrou-a para o homem.

“Agora é problema teu”, disse, e virou-lhe as costas sem olhar para trás.

O mendigo, cujo nome era Afonso, guiou-a em silêncio pela estrada. Durante muito tempo, não disse nada. Chegaram a uma pequena cabana quase em ruínas na borda da aldeia. Cheirava a terra molhada e fumo.

“Não é muito”, Afonso disse suavemente. “Mas estarás segura aqui.” Ela sentou-se no velho tapete dentro de casa, segurando as lágrimas. Esta era agora a sua vida. Uma rapariga cega casada com um mendigo, numa casa feita de lama e esperança.

Mas algo estranho aconteceu naquela primeira noite.

Afonso preparou chá com mãos delicadas. Deu-lhe o seu próprio casaco e dormiu junto à porta, como um cão de guarda protegendo a sua rainha. Falava com ela como se realmente se importasse: perguntava-lhe que histórias gostava, que sonhos tinha, que comidas a faziam sorrir. Nunca ninguém lhe perguntara essas coisas.

Os dias viraram semanas. Afonso acompanhava-a ao rio todas as manhãs, descrevendo o sol, os pássaros, as árvores, com uma poesia que fazia Inês sentir que os via através das suas palavras. Cantava enquanto ela lavava a roupa e contava-lhe histórias de estrelas e terras distantes à noite. Ela riu pela primeira vez em anos. O coração começou a abrir-se. E, naquela pequena cabana, algo inesperado aconteceu: Inês apaixonou-se.

Uma tarde, ao pegar-lhe na mão, perguntou: “Sempre foste um mendigo?” Ele hesitou. Depois, respondeu baixinho: “Nem sempre fui assim.” Mas não disse mais nada. E Inês não insistiu.

Até que um dia…

Ela foi sozinha ao mercado comprar legumes. Afonso dera-lhe indicações precisas, e ela memorizara cada passo. Mas, a meio do caminho, alguém lhe agarrou o braço com violência.

“Ratazana cega!” cuspiu uma voz. Era a sua irmã, Leonor. “Ainda estás viva? A brincar de esposa de mendigo?” Inês sentiu as lágrimas a queimarem-lhe os olhos, mas manteve-se firme.

“Sou feliz”, disse.

Leonor riu-se com crueldade. “Nem sequer sabes como ele é. Ele é lixo. Tal como tu.”

Depois, sussurrou-lhe algo que lhe partiu o coração.

“Ele não é um mendigo. Inês, mentiram-te.”

Inês tropeçou até casa, confusa. Esperou até anoitecer, e quando Afonso regressou, perguntou-lhe novamente, desta vez com firmeza. “Diz-me a verdade. Quem és realmente?”

Foi então que ele se ajoelhou diante dela, pegou-lhe nas mãos e disse: “Nunca devias ter sabido tão cedo. Mas não posso continuar a mentir-te.”

O coração dele batia rápido.

Inspirou fundo.

“Não sou um mendigo. Sou o filho do Duque.”

O mundo de Inês começou a girar enquanto processava as palavras. “Sou o filho do Duque.” Tentou controlar a respiração, entender o que acabara de ouvir. A mente reviu cada momento que partilharam, a bondade dele, aquela força calma, as histórias que pareciam demasiado ricas para um simples mendigo. Agora entendia porquê. Ele nunca fora um mendigo. O pai casara-a não com um pobre, mas com a nobreza escondida em trapos.

Afastou as mãos dele e perguntou, a voz trémula: “Porquê? Porque me deixaste acreditar que eras um mendigo?”

Afonso ergueu-se, a voz calma mas cheia de emoção. “Porque queria alguém que me visse — não a minha riqueza, não o meu título, só a mim. Alguém puro. Alguém cujo amor não fosse comprado ou forçado. Tu eras tudo o que eu pedi, Inês.”

Ela sentou-se, as pernas demasiado fracas para a suportar. O coração lutava entre a alegria e a dor. Porque não lhe contara? Porque a deixara acreditar que tinha sido deitada fora como lixo? Afonso ajoelhou-se novamente ao seu lado. “Não quis magoar-te. Vim à aldeia disfarçado porque estava cansado de pretendentes que amavam o título, não o homem. Ouvi falar de uma rapariga cega rejeitada pelo pai. Observei-te durante semanas antes de propor o casamento, usando o disfarce de mendigo. Sabia que ele aceitaria só para se livrar de ti.”

As lágrimas desciam pelo rosto de Inês. A dor da rejeição do pai misturava-se com a incredulidade de que alguém iria tão longe só para encontrar um coração como o dela. Não sabia o que dizer, então perguntou apenas: “E agora? O que acontece a seguir?”

Afonso apertou-lhe a mão gentilmente. “Agora vens comigo, para o meu mundo, para o palácio.”

O coração saltou-lhe no peito. “Mas sou cega. Como posso ser uma duquesa?”

Ele sorriu. “Já és, minha princesa.”

Naquela noite, mal dormiu. Os pensamentos giravam em torno da crueldade do pai, do amor de Afonso e do futuro assustador que a esperava. De manhã, uma carruagem real parou diante da cabana. Guardas vestidos de preto e dourado curvaram-se perante Afonso e Inês quando saíram. Ela agarrou-se ao braço dele enquanto a carruagem avançava em direção ao palácio.

Quando chegaram, a multidão já se reunira. Surpreenderam-se com o regresso do príncipe desaparecido, mas ainda mais aoE no dia seguinte, quando o Duque olhou nos olhos da filha que rejeitara, percebeu, demasiado tarde, que a verdadeira cegueira sempre fora a dele.

Leave a Comment