Motociclistas Barram as Portas do Casamento e Impedem a Entrada de TodosOs noivos, desesperados, descobriram que os motociclistas eram na verdade amigos disfarçados do pai da noiva, preparando uma surpresa emocionante para o grande momento.

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Quarenta e dois motoqueiros apareceram sem convite no casamento da minha filha e bloquearam as portas da igreja para que ninguém pudesse entrar. Gritei para que se mexessem, ameacei chamar a polícia, disse que estavam destruindo o dia mais importante da vida dela.

O líder do grupo, um homem enorme com cicatrizes nos braços, ficou ali parado, olhando para mim com lágrimas nos olhos e disse: “Senhora, não podemos deixar este casamento acontecer. Sua filha não sabe com quem está se casando de verdade.”

Disse que ele era louco, que o Rodrigo era um advogado respeitado, de uma boa família, que não tinham direito de interferir.

Foi quando ele tirou uma pasta cheia de fotografias e registros hospitalares que me gelaram o sangue, e percebi que aqueles motoqueiros assustadores podiam ser a única coisa entre minha filha e um monstro.

O casamento deveria começar em vinte minutos. Duzentos convidados tentavam entrar na Sé Catedral, mas aquela muralha de couro e jeans não se mexia.

“Mãe, o que está acontecendo?” A Inês, minha filha, apareceu ao meu lado no vestido branco, radiante e confusa. “Por que eles não saem daqui?”

“Não é nada, querida. Só umas pessoas malucas. Vai lá para dentro, eu resolvo isso.”

Mas o líder do grupo falou diretamente com ela. “Inês, meu nome é Marco Ribeiro. Há três anos, o Rodrigo estava noivo da minha irmã, a Rafaela. Ela morreu duas semanas antes do casamento.”

O rosto da Inês ficou branco. “O Rodrigo me contou que a noiva dele morreu num acidente de carro. Foi trágico, mas—”

“Não foi acidente nenhum,” o Marco disse, com a voz embargada. “Minha irmã se jogou de uma ponte depois de seis meses de abuso dele. Ela deixou um bilhete. Deixou provas. Deixou tudo. Mas a família do Rodrigo tem dinheiro e influência, e o caso foi encoberto.”

“Isso é mentira,” eu disse firme, me colocando entre eles. “O Rodrigo é um homem bom. Ele nunca—”

“Mãe,” outro motoqueiro interrompeu, estendendo um telefone. “Aqui está o bilhete de suicídio da Rafaela. Leia.”

Agarrei o telefone, pronta para provar que estavam errados. Mas as palavras na tela fizeram minhas mãos tremerem:

“Não aguento mais. O Rodrigo é um monstro quando as portas se fecham. Os hematomas eu posso esconder, mas não posso me esconder do que ele se tornou. Ele ameaçou me matar se eu fosse embora. Disse que a família dele faria ninguém acreditar em mim. Ele tinha razão. Denunciei duas vezes. Ambas as vezes, as queixas desapareceram. Sinto muito, Marco. Diz para a mamãe que eu a amo. Diz para todos que eu tentei. Mas não posso me casar com ele. Não posso viver aterrorizada. Esta é minha única saída.”

“Isso pode ser falso,” sussurrei, mas minha voz não tinha convicção.

O Marco abriu a pasta. Dentro estavam registros hospitalares. Fotos de hematomas, olhos roxos, costelas quebradas. Boletins de ocorrência feitos e misteriosamente arquivados. Mensagens em que o Rodrigo ameaçava a Rafaela, a chamava de inútil, dizia que ela se arrependeria de tentar ir embora.

“Mostre o vídeo,” outro motoqueiro disse baixinho.

O Marco hesitou. “Senhora, a senhora não vai querer ver—”

“Mostre,” a Inês exigiu. Ela tinha se aproximado, estava lendo por cima do meu ombro.

Ele abriu um vídeo no telefone. Imagens de segurança de um estacionamento. Víamos a Rafaela e o Rodrigo discutindo. Víamos ele agarrando o braço dela, jogando-a contra o carro, batendo no rosto. Víamos ela cair no chão enquanto ele gritava em cima dela.

A data era três semanas antes da morte dela.

“Desliga,” eu pedi. “Por favor, desliga.”

A Inês estava paralisada, ainda no vestido de noiva, encarando o telefone como se fosse morder. “O Rodrigo nunca… ele nunca levantou a voz para mim.”

“Foi o que a Rafaela disse também,” o Marco respondeu. “No primeiro ano. Ele era perfeito. Romântico. Atento. Depois que ficaram noivos, tudo mudou. Ele começou a isolar ela dos amigos. Controlar a roupa dela. Ver o telemóvel. Foi gradual. Quando ela percebeu o que estava acontecendo, já estava presa.”

“Preciso falar com o Rodrigo,” a Inês disse, mas a voz tremia.

“Não,” eu falei firme, o instinto materno gritando. “Você não vai chegar perto dele.”

“Senhora Oliveira,” o Marco disse baixinho, “nós não queríamos fazer isso. Arruinar um casamento, assustar todo mundo. Mas não podíamos deixar outra mulher se casar com ele. Não podíamos deixar a morte da Rafaela não significar nada.”

“Por que agora?” eu perguntei. “Por que não foram à polícia? Por que não—”

“Tentamos de tudo,” outro motoqueiro respondeu. Era mais velho, barba grisalha, olhos gentis. “Sou tio da Rafaela, o Tomás. Fomos à polícia dezessete vezes nos últimos três anos. Todas as queixas foram arquivadas. O pai do Rodrigo é juiz. O tio é procurador. O sistema protege ele.”

“Então decidiram aterrorizar minha filha no dia do casamento?”

“Decidimos salvar a vida dela,” o Marco respondeu simplesmente. “Acompanhamos o Rodrigo desde que a Rafaela morreu. Quando soubemos que ele estava noivo de novo, investigamos. Descobrimos que ele já fez isso antes. A Rafaela não foi a primeira vítima.”

Ele tirou mais papéis. Outras duas mulheres. Ambas tinham medidas protetivas contra o Rodrigo que, misteriosamente, foram canceladas. Ambas tinham registros hospitalares. Uma mudou-se para o outro lado do país para fugir dele.

“Encontramos elas,” o Tomás explicou. “Perguntamos se testemunhariam, ajudariam a pará-lo. As duas estavam com muito medo. A família dele as ameaçou, comprou o silêncio, fez sumir.”

A Inês ficou muito quieta. “Mãe, lembra quando eu caí das escadas no mês passado?”

Meu sangue gelou. “O quê?”

“O Rodrigo e eu estávamos discutindo. Sobre o meu emprego. Ele não queria que eu aceitasse a promoção porque significava mais horas. Pensei que era só ciúme. Mas quando eu disse que ia aceitar mesmo assim…” Ela tocou o pulso, que tinha ficado torcido. “Ele me agarrou. Eu me soltei e caí. Mas ele me agarrou. Com força.”

“Por que não me contou?” sussurrei.

“Porque ele se desculpou. Comprou flores. Disse que só estava estressado com o casamento. Disse que nunca mais aconteceria.”

Os motoqueiros trocaram olhares. Já tinham ouvido essa história antes.

O Marco se ajoelhou para ficar na altura da Inês. “Minha irmã dizia a mesma coisa. Depois da primeira vez, da segunda, da décima. Ele sempre se desculpava. Sempre tinha uma desculpa. Sempre fazia ela sentir que, de alguma forma, era culpa dela.”

O Rodrigo apareceu então, empurrando através da multidão de convidados confusos. “O que raio está acontecendo? Inês, porque não está lá dentro?”

A voz dele era afiada. Cheia de raiva. E ouvi pela primeira vez—o tom por trás do charme habitual.

“Rodrigo,” a Inês falou cuidadosamente, “essas pessoas dizem que você já foi noivo antes. De uma mulher chamada RafaelEle olhou para ela, para mim, para os motoqueiros, e naquele momento, sem palavras, todos sabíamos que a verdade finalmente viera à tona.

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