Menino de 7 Anos Entra no Hospital com a Irmãzinha nos Braços—Suas Palavras Comoveram a Todos…

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Era pouco depois da 1 da manhã quando o pequeno Tomás Almeida entrou na urgência do Hospital Santa Maria, em Coimbra, segurando a irmãzinha bem enrolada num cobertorzinho amarelo, já gasto pelo tempo. Uma rajada de vento gelado entrou com ele quando as portas deslizaram, roçando nos seus pés descalços e pequeninos.

As enfermeiras na receção viraram-se todas, surpreendidas ao ver uma criança tão nova aparecer ali sozinha.

A enfermeira Inês Lopes foi a primeira a aproximar-se. O coração apertou-lhe ao reparar nas nódoas negras nos seus braços e no pequeno corte acima da sobrancelha. Aproximou-se devagar, falando com voz suave e tranquilizadora.

“Meu amor, estás bem? Onde estão os teus pais?”, perguntou, ajoelhando-se para ficar à altura dos seus olhos assustados.

Tomás cerrou os lábios, que tremiam. “Eu… preciso de ajuda. Por favor… a minha irmã está com fome. E… não podemos voltar para casa”, sussurrou, a voz rouca e frágil.

Inês indicou-lhe uma cadeira ali perto. Sob as luzes do hospital, as marcas nos seus braços eram inegáveis — dedos escuros visíveis através da camisola já furada. O bebé, provavelmente de oito meses, mexia-se fracamente nos seus braços, as mãozinhas a contrair-se.

“Estás seguro aqui agora”, disse Inês, afastando um caracol de cabelo da sua testa. “Podes dizer-me o teu nome?”

“Tomás… e esta é a Beatriz”, respondeu, apertando a irmã contra o peito.

Em minutos, o Dr. Rodrigo Santos, pediatra de serviço, e um segurança chegaram. Tomás encolheu-se a cada movimento brusco, protegendo Beatriz instintivamente.

“Por favor, não a levem”, implorou. “Ela chora quando eu não estou por perto.”

O Dr. Santos agachou-se, falando com calma. “Ninguém vai levá-la. Mas preciso de saber, Tomás, o que aconteceu?”

Tomás olhou nervosamente para a porta antes de falar. “É o meu padrasto. Ele… bate-me quando a minha mãe está a dormir. Hoje ficou zangado porque a Beatriz não parava de chorar. Ele disse… que a ia fazer calar para sempre. Tive de fugir.”

As palavras atingiram Inês como um soco. O Dr. Santos trocou um olhar grave com o segurança antes de chamar a assistente social e avisar a polícia.

Lá fora, a tempestade de inverno batia nas janelas do hospital, a neve amontoando-se em silêncio. Dentro, Tomás segurava Beatriz com força, sem saber que a sua coragem já tinha posto em marcha uma corrente de acontecimentos que lhes salvaria a vida.

O inspetor Luís Monteiro chegou dentro de uma hora, a expressão séria sob a luz fria dos fluorescentes. Já tinha investigado muitos casos de maus-tratos, mas poucos começavam com um miúdo de sete anos a entrar num hospital no meio da noite, carregando a irmã para a salvo.

Tomás respondeu às perguntas em voz baixa, embalando Beatriz no colo. “Sabes onde está o teu padrasto agora?”, perguntou o inspetor.

“Em casa… estava a beber”, respondeu Tomás, a voz firme apesar do medo nos olhos.

Luís acenou para a agente Sara Marques. “Envia uma equipa para a casa. Com cuidado. Estamos a lidar com crianças em perigo.”

Entretanto, o Dr. Rodrigo tratou dos ferimentos de Tomás: nódoas antigas, uma costela partida, marcas de maus-tratos repetidos. A assistente social Teresa Nunes ficou ao seu lado, sussurrando palavras de conforto. “Fizeste muito bem em vir para cá. És muito corajoso”, disse-lhe.

PelAnos mais tarde, Tomás, já um jovem forte e protetor, segurava a mão de Beatriz enquanto caminhavam pela praia de Nazaré, o mar espumoso refletindo o sol dourado que agora aqueceu as suas vidas, livres do passado que um dia tentou aprisioná-los.

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