História sobrenatural sobre fantasmas na escola

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Os Fantasmas da Escola São Vicente

História sobrenatural sobre fantasmas na escola, A escola São Vicente era conhecida por sua tradição. Fundada no início do século XX, possuía salas antigas, corredores longos e janelas altas que deixavam entrar a luz de forma dramática. Muitos estudantes diziam que, ao cair da noite, o prédio parecia ganhar vida própria. Portas rangiam sozinhas, janelas batiam sem vento, e vozes misteriosas ecoavam pelo pátio vazio. Apesar das histórias, ninguém levava realmente a sério. Até que um grupo de adolescentes resolveu investigar.

O grupo de amigos

Pedro, Mariana, Lucas e Sofia estudavam no segundo ano do ensino médio. Eles eram inseparáveis. Sempre almoçavam juntos, faziam trabalhos em grupo e compartilhavam as mesmas curiosidades. Pedro era o mais corajoso, sempre em busca de aventuras. Mariana era inteligente e cética, gostava de ciência e não acreditava em nada sobrenatural. Lucas era o mais medroso, mas também o mais sensível, atento a detalhes que os outros ignoravam. Sofia, por sua vez, era criativa e adorava histórias de terror, lendas e mistérios.

Tudo começou em uma sexta-feira de outono, quando o professor de história mencionou que a escola tinha sido construída sobre as ruínas de um antigo convento. “Muitos acreditam que as freiras que viveram aqui nunca abandonaram este lugar”, disse ele, meio em tom de brincadeira. Mas aquela frase ficou na cabeça do grupo.

— Aposto que essas histórias são só para assustar a gente — disse Mariana, rindo.
— Ou talvez não… — retrucou Sofia, com um sorriso enigmático.
— Eu já ouvi barulhos estranhos quando fiquei depois da aula — comentou Lucas, nervoso.
— Então vamos descobrir — decidiu Pedro. — Hoje à noite, a gente volta aqui e passa algumas horas. Vamos provar que isso é verdade ou mentira.

Mesmo com receio, todos concordaram.

A entrada na escola à noite

Às dez horas da noite, os quatro se encontraram em frente ao portão principal. A rua estava silenciosa, iluminada apenas pelos postes antigos que lançavam sombras compridas no chão. Pedro carregava uma lanterna, Sofia levava uma câmera para registrar tudo, Mariana tinha um caderno para anotações, e Lucas apenas rezava para que nada de estranho acontecesse.

Pularam o muro sem muita dificuldade e entraram no pátio. O vento frio soprava, fazendo as árvores rangerem. As janelas do prédio refletiam a lua, e por um instante parecia que os olhos de alguém os observavam.

— Estamos mesmo fazendo isso? — murmurou Lucas.
— Relaxa — respondeu Pedro. — Vai ser divertido.

Entraram pela porta lateral, que Pedro havia descoberto estar sempre destrancada. O corredor estava escuro, exceto pela fraca luz da lua que entrava pelas janelas. O cheiro de mofo e madeira velha enchia o ar.

O primeiro sinal

Enquanto caminhavam, ouviram o eco de passos atrás deles. Viraram-se rapidamente, mas não havia ninguém. Lucas apertou o braço de Sofia.
— Eu falei que isso não era boa ideia…
— Deve ser o som dos nossos próprios passos refletindo — explicou Mariana, tentando manter a calma.
Mas Pedro, com um brilho nos olhos, parecia cada vez mais animado.

Foram até a biblioteca, uma das salas mais antigas da escola. O espaço estava coberto de poeira, cheio de livros que ninguém abria há décadas. Sofia começou a filmar, enquanto Mariana fazia anotações.

De repente, um livro caiu sozinho de uma prateleira. Todos congelaram. Pedro correu para pegar o livro e leu o título em voz alta: Histórias do Convento de São Vicente. O silêncio ficou pesado.

— Coincidência… só pode ser coincidência — disse Mariana.
— Coincidência não existe nesse tipo de história — respondeu Sofia, sorrindo nervosa.

Vozes no corredor

Continuaram explorando, mas quanto mais avançavam, mais a atmosfera ficava estranha. As paredes pareciam emitir sussurros. Uma voz feminina suave se misturava ao vento, chamando nomes que eles não conseguiam entender.

Lucas tremia.
— Eu não quero mais ficar aqui. Tem alguém… ou alguma coisa falando!
Pedro tentou disfarçar o próprio medo.
— Vamos até a sala de música. Sempre dizem que lá acontecem as coisas mais assustadoras.

A sala de música

Chegaram diante da sala. A porta estava entreaberta. Quando empurraram, um som de piano começou a ecoar, notas lentas e melancólicas. O problema é que não havia ninguém no piano. O instrumento estava coberto de pó, as teclas amareladas, mas os sons continuavam soando.

Sofia filmava, fascinada. Mariana finalmente parecia sem explicação. Pedro, embora assustado, não recuava. Lucas, por outro lado, mal conseguia respirar.

De repente, a música parou. O silêncio foi quebrado por uma gargalhada distante, que ecoou por todo o prédio. O som parecia vir de todas as direções ao mesmo tempo.

— Acho que já vimos o suficiente — disse Mariana, firme.
Mas antes que pudessem sair, a porta da sala bateu sozinha, trancando-os lá dentro.

O encontro com a freira

As luzes começaram a piscar, e uma figura apareceu no canto da sala. Era alta, vestida com hábito de freira antigo. O rosto estava coberto por sombras, mas os olhos brilhavam de forma sobrenatural.

Lucas gritou, mas Pedro tentou falar:
— Quem é você?

A freira não respondeu. Apenas apontou para eles e, com uma voz grave e ecoante, disse:
— Vocês não deviam estar aqui…

O grupo se encolheu. Mariana, respirando fundo, perguntou:
— O que você quer de nós?

A figura caminhou lentamente até o piano e pousou as mãos espectrais sobre as teclas. Uma melodia triste encheu a sala. Depois, olhou para eles e desapareceu como fumaça.

A porta se abriu sozinha.

A revelação na biblioteca

Assustados, mas determinados a entender, voltaram correndo para a biblioteca com o livro que haviam encontrado. Mariana folheou rapidamente até encontrar uma passagem que falava sobre o convento. Ali estava escrito: Uma jovem freira chamada Irmã Clara morreu em circunstâncias misteriosas. Alguns dizem que seu espírito nunca deixou o local, vagando pelos corredores em busca de paz.

— Era ela… — sussurrou Sofia.
— Então é verdade. Ela está presa aqui. — completou Pedro.
Lucas, desesperado, perguntou:
— Mas o que a gente pode fazer?

O pedido do espírito

Enquanto discutiam, ouviram novamente a voz da freira:
— Ajudem-me…

Dessa vez, a voz não soava ameaçadora, mas triste. Seguiram o som até o porão da escola, um lugar úmido e escuro. Lá encontraram uma caixa de madeira antiga. Dentro havia cartas amareladas, escritas pela Irmã Clara. As cartas revelavam que ela havia sido acusada injustamente de um crime que não cometera e, envergonhada, tirou a própria vida.

— É por isso que ela não descansa… — disse Mariana, emocionada.
— Ela precisa que a verdade seja contada.

A despedida

Na segunda-feira, os amigos mostraram as cartas ao diretor e ao professor de história. A história da Irmã Clara foi, enfim, revelada a toda a escola. A verdade trouxe justiça à sua memória.

Naquela mesma noite, quando o grupo voltou ao prédio, viram a figura da freira mais uma vez. Mas agora, ela não estava sombria. Seu rosto era sereno, e um sorriso leve iluminava suas feições.
— Obrigada — disse ela, antes de desaparecer em uma luz suave que se espalhou por todo o corredor.

Lucas chorou de alívio, Mariana ficou pensativa, Sofia registrou cada detalhe, e Pedro sentiu que, pela primeira vez, havia vivido uma aventura de verdade.

Epílogo

A escola São Vicente continuou sendo a mesma, mas os estranhos barulhos desapareceram. As portas não batiam sozinhas, e o piano nunca mais tocou sozinho. A lenda da freira assombrosa deu lugar à história de uma mulher injustiçada que, finalmente, encontrou paz graças a quatro jovens curiosos.

Os amigos, por sua vez, aprenderam que o sobrenatural não é apenas medo, mas também dor, lembranças e a necessidade de ser ouvido. E, acima de tudo, que até os fantasmas carregam histórias que precisam ser contadas.

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