História de tragédia moral para crianças na hora de dormir

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A Estrela que se Apagou

O começo

História de tragédia moral para crianças na hora de dormir, Era uma vez uma pequena aldeia rodeada de campos verdes e colinas suaves. Nesse lugar vivia Mateus, um menino de 10 anos cheio de energia e sonhos. Gostava de correr pelos campos, brincar com os amigos e ouvir as histórias que a avó lhe contava todas as noites antes de dormir.

Mateus era inteligente, mas tinha um defeito: era muito teimoso. Muitas vezes não obedecia aos pais, achava que sabia mais do que os adultos e gostava de fazer as coisas “à sua maneira”.

A avó dizia-lhe sempre:
— Meu querido Mateus, a vida ensina-nos a ouvir. Quem não ouve, aprende pela dor.

Mateus ria, prometia que ia mudar, mas no dia seguinte voltava a desobedecer.

O desejo

Na aldeia havia uma lenda antiga: todas as crianças tinham direito a pedir um desejo quando viam a primeira estrela da noite. Diziam que, se o desejo fosse puro e verdadeiro, a estrela concedia.

Uma noite de verão, Mateus olhou para o céu e viu uma estrela a brilhar mais forte do que todas as outras. Fechou os olhos e pediu em voz baixa:
— Quero ser o menino mais forte e corajoso da aldeia.

A estrela brilhou ainda mais e parecia piscar só para ele.

A mudança

No dia seguinte, algo estranho aconteceu. Mateus acordou com uma força que nunca tinha sentido. Levantava sacos de batatas que antes precisavam de dois homens. Corria mais rápido que os outros rapazes e subia às árvores sem esforço.

No início, todos ficaram espantados e felizes. Os amigos admiravam-no. Os adultos diziam:
— Que rapaz extraordinário!

Mateus sentia-se especial. Mas, pouco a pouco, começou a mudar.

Já não ouvia os pais. Já não respeitava os amigos. Começou a usar a sua força para se mostrar, para ganhar sempre nas brincadeiras e para se sentir superior.

A avó, preocupada, chamou-o uma noite:
— Mateus, a estrela deu-te um dom. Mas os dons só são bons quando usados com humildade. Caso contrário, transformam-se em tragédia.

Ele respondeu com arrogância:
— Avó, eu não preciso de conselhos. Agora sou o mais forte.

O acidente

Numa tarde, os rapazes da aldeia decidiram brincar perto do rio. Os adultos tinham avisado muitas vezes que aquele lugar era perigoso, porque a corrente era forte e podia arrastar qualquer um.

Mas Mateus, cheio de confiança, gritou:
— Vamos atravessar o rio! Eu consigo, e vocês também conseguem!

Alguns hesitaram, mas, com medo de serem chamados de cobardes, seguiram-no.

Mateus entrou primeiro, rindo, mostrando a sua coragem. No início parecia fácil, mas, de repente, a corrente aumentou. Um dos amigos, João, escorregou e começou a ser levado pela água.

Mateus correu para ajudar, mas, mesmo com toda a sua força, não conseguiu segurá-lo. O rio arrastou João para longe.

As crianças gritaram por socorro. Os adultos vieram a correr, mas já era tarde. O corpo de João só foi encontrado no dia seguinte, rio abaixo.

A dor

A aldeia inteira chorou. Os pais de João ficaram inconsoláveis. Diziam, entre lágrimas:
— O nosso filho confiou em Mateus. Ele era o líder, e por causa da sua teimosia o perdemos.

Mateus sentiu, pela primeira vez, o peso da culpa. A força que tanto se gabava não servira de nada. Pelo contrário, tinha levado um amigo à morte.

Não dormiu nessa noite. Lembrou-se das palavras da avó:
“Quem não ouve, aprende pela dor.”

O castigo da estrela

Nessa noite, Mateus saiu de casa e olhou para o céu. A estrela que lhe tinha concedido o desejo já não brilhava. Estava apagada.

De repente, ouviu uma voz suave, como um sussurro no vento:
— Mateus, pediste para ser forte, mas esqueceste-te de ser sábio. A verdadeira força não está nos músculos, mas no coração e na obediência. Como não aprendeste a tempo, a tragédia ensinou-te com lágrimas.

Mateus chorou como nunca.

O arrependimento

Nos dias seguintes, já não se gabava da sua força. Tornou-se silencioso, humilde. Ajudava os pais, ouvia os mais velhos, e quando brincava com os amigos já não queria vencer sempre.

Mas, por mais que tentasse, nunca conseguiu apagar da sua memória o dia em que perdeu João. Sempre que passava pelo rio, sentia uma dor no peito.

A moral da história

Os anos passaram. Mateus cresceu, tornou-se um homem trabalhador e bom. Muitos na aldeia respeitavam-no. Mas todos sabiam que havia uma sombra no seu coração, uma lembrança triste que o fazia ser prudente.

Certa vez, ao falar com um grupo de crianças, Mateus contou a sua história:
— A maior tragédia da minha vida foi acreditar que ser forte era suficiente. Eu não ouvi os conselhos dos meus pais, nem da minha avó. E por causa disso, perdi um amigo. Nunca se esqueçam: a verdadeira força está em ouvir, respeitar e pensar antes de agir.

As crianças escutaram em silêncio. Algumas choraram. Outras prometeram que nunca seriam teimosas como ele fora.

E assim, a tragédia de Mateus transformou-se numa lição para todos.

Conclusão

A história de Mateus mostra que, às vezes, os erros trazem consequências que não podem ser apagadas. As tragédias acontecem quando a teimosia vence a prudência, quando a força vence a sabedoria.

Para as crianças, esta é uma lição importante antes de dormir: obedecer aos pais e ouvir os mais velhos não é sinal de fraqueza, mas de verdadeira coragem.

A estrela de Mateus apagou-se, mas a sua história continua a brilhar como aviso.

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