História de terror sobrenatural baseada em fatos reais

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História de terror sobrenatural baseada em fatos reais, Nem todas as histórias que ouvimos são invenções. Algumas vêm de testemunhos, relatos registados em jornais antigos ou lembranças de quem viveu algo que não consegue explicar. Esta é uma dessas histórias.

Passou-se em Évora, no interior de Portugal, no final da década de 1980. Uma família mudou-se para uma antiga casa senhorial, acreditando que seria o lugar perfeito para recomeçar a vida. Mas o que encontraram lá foi muito mais sombrio do que imaginavam.

Até hoje, muitos moradores da região ainda falam daquela casa, agora abandonada, dizendo que, à noite, as janelas parecem observar quem passa.

A família

Manuel e Teresa eram um casal jovem, com dois filhos: Beatriz, de 12 anos, e Rui, de 8. Tinham vivido em Lisboa, mas decidiram mudar-se para o Alentejo em busca de uma vida mais tranquila.

A casa em Évora era grande, com paredes altas, azulejos antigos e um jardim cheio de oliveiras. O preço estava surpreendentemente baixo, o que os convenceu de imediato.

— Parece um sonho — disse Teresa no dia da mudança. — As crianças vão adorar o espaço.
— Finalmente vamos ter paz — respondeu Manuel, abraçando-a.

Mas a paz não duraria muito.

Os primeiros sinais

Na primeira noite, Beatriz acordou com o som de passos no corredor. Pensou que fosse o pai, mas quando abriu a porta do quarto, não havia ninguém. O corredor estava vazio e gelado, apesar do calor do verão.

— Mãe, alguém estava a andar lá fora — contou no pequeno-almoço.
— Deves ter sonhado, filha — disse Teresa, sorrindo para tranquilizá-la.
Mas Beatriz sabia o que tinha ouvido.

Na noite seguinte, foi Rui quem acordou, dizendo que uma mulher estava sentada na beira da sua cama, a olhar para ele.

— Devias estar a sonhar, filho — tentou acalmá-lo Manuel.
Mas a criança jurava que a mulher usava um vestido preto antigo e que o fitava sem piscar os olhos.

O espelho partido

Uma semana depois, Teresa estava a limpar o quarto principal quando ouviu um estalo alto. O espelho antigo, preso à parede, tinha-se partido sozinho, sem que ninguém o tivesse tocado.

Os cacos refletiam não apenas a imagem dela, mas algo atrás: uma sombra escura, parada no canto do quarto. Quando Teresa se virou, não havia nada.

Assustada, correu para junto do marido.
— Manuel, esta casa tem algo estranho.
— Estás a deixar-te impressionar. É velha, claro que faz barulhos e tem coisas a cair.
Mas, no fundo, até ele começava a sentir que havia algo errado.

As vozes

Certa noite, enquanto Manuel trabalhava até tarde no escritório da casa, ouviu alguém chamar o seu nome:
— Manuel…

Olhou em volta. Estava sozinho. A voz era grave, quase um sussurro, mas viera claramente de dentro do quarto.

No mesmo instante, as luzes piscaram e o candeeiro apagou-se. O coração acelerado, Manuel levantou-se e foi até ao corredor. Lá, viu Beatriz parada, pálida.

— Pai… também ouviste? — perguntou ela.
— O quê?
— A voz. Ela também disse o meu nome.

Foi nesse momento que Manuel já não podia negar.

A investigação

No dia seguinte, decidiram falar com os vizinhos. Uma senhora idosa, chamada Dona Amélia, contou-lhes uma história que gelou o sangue de todos.

— Essa casa já devia ter sido demolida. Pertencia a uma família rica, há muitas gerações. Mas aconteceu uma tragédia: uma das filhas do senhorio apaixonou-se por um homem simples, contra a vontade do pai. Foi trancada no sótão durante meses, até enlouquecer. Dizem que morreu lá, sem nunca sair. Desde então, ninguém consegue viver muito tempo nessa casa.

Teresa ficou em choque.
— Então é isso… É ela. A mulher que o Rui viu.
Mas Amélia apenas abanou a cabeça.
— Não é só ela. Dizem que o ódio do pai também ficou preso entre aquelas paredes.

A presença no sótão

Apesar do medo, Manuel decidiu subir ao sótão, determinado a provar que não havia nada. Levava apenas uma lanterna. O espaço estava cheio de móveis cobertos de pó e teias de aranha.

No canto, encontrou uma cadeira virada para a parede e, no chão, marcas circulares como se alguém tivesse passado meses a andar de um lado para o outro.

De repente, a porta do sótão fechou-se com força. A lanterna apagou-se. No escuro absoluto, Manuel ouviu uma respiração atrás dele. Virou-se, mas nada viu. Só uma voz fria que disse:
— Saiam da minha casa…

Quando a porta se abriu sozinha, Manuel desceu a correr, pálido como nunca.
— Teresa, não podemos ficar aqui. Esta casa não nos quer.

O ataque

Naquela noite, o pior aconteceu. Por volta das três da manhã, Beatriz começou a gritar. Quando Teresa entrou no quarto, encontrou a filha suspensa no ar, como se mãos invisíveis a segurassem pelo pescoço.

Manuel correu e agarrou a menina, que caiu no chão chorando. Mas no espelho do quarto, todos viram nitidamente a figura de um homem de rosto retorcido pelo ódio.

— Vocês vão pagar! — a voz ecoou, fazendo as janelas tremerem.

Foi o suficiente. Sem pensar duas vezes, Manuel pegou nas crianças e correu com Teresa para fora da casa. Passaram o resto da noite no carro, estacionado na estrada.

A fuga

Na manhã seguinte, decidiram nunca mais voltar. Arrumaram apenas o essencial e foram embora. A casa foi deixada como estava, e permanece assim até hoje: abandonada, com janelas partidas e paredes cobertas de musgo.

Alguns curiosos tentaram explorá-la ao longo dos anos, mas poucos resistem muito tempo lá dentro. Sempre que alguém passa perto à noite, jura ouvir passos, gritos e até ver luzes a acenderem-se sozinhas no sótão.

Epílogo

A história da família de Manuel e Teresa saiu até em jornais locais na época. Os vizinhos confirmaram ter ouvido gritos naquela noite, mas ninguém conseguiu explicar o que realmente aconteceu.

Beatriz e Rui cresceram, mas nunca esqueceram. Até hoje, evitam falar sobre a casa.

E quem passa por Évora sabe: se encontrar um casarão antigo, de janelas altas, isolado no campo, melhor não entrar. Porque algumas histórias não são apenas lendas. São advertências.

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