História de amadurecimento sobre encontrar o seu verdadeiro eu

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O sol começava a subir no céu azul de Cascais, iluminando as ruas estreitas e as fachadas brancas com um brilho suave. Catarina Lopes abriu a janela do seu quarto e respirou fundo. Tinha dezassete anos, e a sensação de estar perdida pesava-lhe no peito.

Durante anos, vivera seguindo o caminho que os outros queriam para ela — escola, notas, futuro definido pela expectativa da família. Mas algo dentro dela dizia que precisava de parar e descobrir quem era de verdade.

E foi assim que Catarina decidiu partir numa viagem sozinha pelo litoral de Portugal. Uma viagem para encontrar o seu verdadeiro eu.

O Primeiro Passo

Catarina acordou cedo numa sexta-feira, com o caderno que comprara semanas antes ao seu lado. No interior, havia páginas em branco, prontas para receber as suas descobertas.

Pegou na mochila, no telemóvel e na câmera fotográfica, sem contar a ninguém. Queria que esta jornada fosse sua, um segredo guardado apenas entre ela e o mar.

Apanhou um comboio para Cascais. Durante a viagem, observava a paisagem mudar. A cidade ficava para trás, e o verde da natureza parecia convidá-la a descobrir algo novo. No seu caderno escreveu: “Hoje começo a minha busca. Não sei quem vou encontrar, mas sei que preciso tentar.”

Quando chegou a Cascais, sentiu uma mistura de medo e curiosidade. Caminhou pelas ruas, explorando a vila, observando cada detalhe, cada rosto, como se estivesse a procurar pistas sobre si mesma.

O Encontro

No segundo dia, Catarina decidiu visitar o farol da Guia. Lá, encontrou Miguel, um jovem pintor que viajava por Portugal para capturar paisagens. Eles conversaram durante horas, entre o som das ondas e o vento que soprava forte.

Miguel contou-lhe sobre a sua própria viagem de descoberta e disse: “Encontrar-se não é mudar quem somos. É aceitar e reconhecer a nossa verdade.”

Aquelas palavras ficaram presas na mente de Catarina. Ela sentia que estava no início de algo maior. Decidiram seguir juntos para Sintra no dia seguinte, partilhando sonhos, medos e histórias.

Enquanto caminhavam pelas ruas de Sintra, Catarina começou a perceber que a sua viagem não era só física, mas também interior.

Desafios e Reflexões

Durante a viagem, Catarina enfrentou dúvidas. Havia dias em que sentia vontade de voltar para casa, para a segurança da sua rotina. Mas outros dias enchiam-na de inspiração.

Em Sintra, subiram até ao Castelo dos Mouros. No topo, Catarina ficou em silêncio, olhando para o vale coberto de verde e a cidade ao longe. Sentiu uma conexão profunda com aquele momento.

No seu caderno, escreveu: “Talvez encontrar-me seja mais sobre perceber o que me faz sentir viva.”

No regresso, conheceram Ana, uma professora aposentada que lhes falou sobre a importância de ouvir o próprio coração. Ana dizia: “O caminho para nós mesmos é único. Não há mapas, apenas passos.”

As palavras tocaram Catarina. Ela começou a sentir que estava a aproximar-se de uma resposta que procurava há muito tempo.

Descobertas

No quarto dia, Catarina chegou a Nazaré. Ficou fascinada com a força do mar, as ondas gigantes e a energia que parecia vir de dentro do oceano. Passou horas na praia, escrevendo e fotografando.

Sentiu que a natureza tinha uma mensagem para ela. Cada onda que chegava à areia parecia dizer que a vida é feita de ciclos, altos e baixos, começo e fim.

Catarina começou a perceber que encontrar-se não era um destino, mas uma viagem constante. Era um processo de autodescoberta e aceitação.

Naquele dia, escreveu no seu caderno: “O meu verdadeiro eu não está em uma resposta final, mas em aceitar a minha própria jornada.”

Um Momento Decisivo

No penúltimo dia da viagem, Catarina encontrou-se em Porto. Passeava pelas margens do Douro quando se deparou com um pequeno café. Entrou e sentou-se perto da janela. Observava o movimento da cidade enquanto escrevia no caderno.

Miguel juntou-se a ela. Conversaram sobre tudo — arte, sonhos, medos. Catarina percebeu que tinha mudado desde o início da viagem. Não sabia se tinha encontrado todas as respostas, mas sabia que estava mais próxima de si mesma.

Miguel perguntou-lhe: “Então, encontraste quem és?” Catarina sorriu e respondeu: “Ainda não sei, mas já sei que posso descobrir.”

Foi a primeira vez que disse aquelas palavras em voz alta.

O Regresso

No último dia, Catarina regressou a Lisboa. Levava consigo mais do que fotografias e notas. Levava uma nova consciência. Percebera que encontrar-se não é um ponto final, mas um processo contínuo.

No avião, abriu o caderno e relia as frases que escrevera ao longo da viagem. Cada página era uma parte da sua história, um reflexo do seu crescimento.

Catarina sabia que tinha começado a responder à pergunta que a acompanhara durante meses: Quem sou eu?

A resposta não estava clara. Mas pela primeira vez, ela sentia-se em paz com isso.

No seu caderno escreveu: “O verdadeiro eu é uma construção contínua. E estou pronta para continuar a construí-lo.”

Um Novo Capítulo

Meses depois, Catarina revisitou o seu caderno. Olhando para as palavras, lembrava-se da viagem e das pessoas que conhecera. Aprendera que o verdadeiro crescimento vem de experimentar, arriscar e ouvir o próprio coração.

Ela sabia que a adolescência era um capítulo importante da sua vida, mas também sabia que o amadurecimento é uma viagem sem fim. Catarina sorriu, fechou o caderno e disse: “Encontrei-me, não como um destino, mas como um caminho.”

E assim, Catarina seguiu em frente, aberta às mudanças, às descobertas e ao seu próprio crescimento.

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