“EU FALO 12 IDIOMAS” – DISSE O PEDINTE… O MILIONÁRIO RI, MAS FICA EM CHOQUE… Nas elegantes ruas de Lisboa, onde os edifícios históricos beijam o céu e o dinheiro flui como o Tejo, António Mendonça caminhava com seu terno de 3.000 euros. Seus sapatos italianos ecoavam com autoridade no calçamento enquanto falava em seu telefone dourado, fechando um negócio de 50 milhões de euros. Aos 45 anos, António construíra um império financeiro que o colocava entre os homens mais ricos de Portugal.
Sua arrogância era tão visível quanto seu relógio Patek Philippe, que brilhava em seu pulso. Enquanto discutia detalhes de sua última aquisição corporativa, seus olhos pousaram em uma figura que destoava completamente do ambiente luxuoso. Sentado na entrada de um prédio comercial estava um homem de cerca de 60 anos, cabelos grisalhos desalinhados e roupas gastas que já vira dias melhores. Suas mãos enrugadas seguravam um pequeno cartaz que dizia: “Qualquer ajuda é bem-vinda. Deus os abençoe.”
António terminou a ligação e parou diante do pedinte, não por compaixão, mas por curiosidade mórbida. Era raro ver mendigos naquela zona nobre da cidade. Os seguranças geralmente limpavam as ruas desses “obstáculos visuais”, como António os chamava em reuniões de diretoria. O contraste era dramático: António irradiando poder e riqueza, e o velho, esquecido pelo mundo.
“O que faz aqui?”, perguntou António com desdém. “Este não é lugar para gente como você.”
O velho ergueu os olhos – azuis, profundos, serenos. “Bom dia, senhor”, respondeu com voz clara e educada. “A vida me trouxe até aqui. Mas diga-me: quantos idiomas o senhor fala?”
António franziu a testa. “Falo três: português, inglês e espanhol. Suficiente para meus negócios internacionais e para ganhar mais num mês do que você viu na vida toda.”
O velho assentiu. “Três idiomas. Impressionante para os negócios.” E então, olhando fixamente: “Eu falo 12.”
O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. António soltou uma gargalhada. “Doze idiomas! Isso é o mais ridículo que já ouvi!”
O velho permaneceu imperturbável. “O riso é bom para a alma. Mas deixe-me provar.” E começou: cumprimentou em inglês perfeito, depois espanhol, francês, alemão, italiano, russo, árabe, japonês, chinês, hindi, hebraico e, finalmente, grego antigo.
António, pálido, apoiou-se na parede. “Quem… quem é você?”
“Professor Dinis Vasconcelos. Lecionei Linguística em Coimbra, na Sorbonne e em Oxford por 22 anos. Publiquei 17 livros, ganhei prêmios internacionais. Tive casas em Paris e Londres. Até que o Alzheimer precoce chegou.”
Nos minutos seguintes, o professor contou como perdeu tudo: a carreira, as propriedades, até a esposa, falecida anos antes. “Gastei todas as economias em tratamentos. Quando os erros começaram a aparecer em minhas traduções, perdi os clientes. Terminei nas ruas.”
António, sentado no chão, ouvira atentamente. “E agora? Como vive?”
“Vivo um dia de cada vez. Ontem, uma menina sentou-se aqui e me contou sobre seu cachorro. Semana passada, ajudei um imigrante perdido. São esses momentos que me sustentam.”
António sentiu um nó na garganta. “E você… é feliz?”
O velho sorriu. “Mais do que quando tinha tudo. Porque agora entendo a diferença entre ter uma vida e viver.”
António olhou para as mãos vazias. “O que faço agora?”
“Comece devagar. Hoje, ao chegar em casa, sente-se em silêncio. Pergunte-se que tipo de pessoa quer ser – não o que quer conquistar.”
Ao se despedir, o professor entregou a António um diário escrito em 12 idiomas. “Minha última obra. Escrevi para mim mesmo, não para impressão.”
António afastou-se, o diário sob o braço. A cidade era a mesma, mas ele já não. Viera como António Mendonça, o magnata. Partia como António, o homem – pronto, finalmente, para viver.