**Cavalos Garranos Encontraram uma Guarda Floremental Pendurada num Penhasco — O Que Fizeram a Seguir Chocou a Todos**
Ninguém esperava que as criaturas consideradas indomáveis pudessem ser a última linha entre a vida e a morte. Uma guarda florestal portuguesa — antiga operadora das Forças Especiais — foi traída e deixada para morrer, pendurada num penhasco no deserto do Alentejo. Ninguém chegou. Sem sinal. Sem esperança. Até que… uma manada de garranos selvagens apareceu. E o que aconteceu a seguir mudaria para sempre a forma como vemos estes cavalos guiados pelo instinto.
Ninguém no posto da Guarda Florestal no sul de Portugal se lembrava exatamente quando ouviram o nome Leonor Matias. Ela chegou sem alarido, carregando apenas uma mochila e o olhar distante de quem já vira demasiado. Em tom baixo, alguns colegas referiam-se a ela como a *Guarda-Fantasma*, um reconhecimento ao seu silêncio e à forma como desaparecia do posto sem que ninguém notasse. Por trás daquele olhar distante, havia um passado como nenhum outro.
Leonor Matias fora outrora a Sargento Leonor Matias das Forças Especiais, uma operadora altamente treinada que servira em missões no estrangeiro. Era conhecida pela sua frieza sob pressão, pela capacidade de se adaptar a condições impossíveis e por uma lista de condecorações que enchia qualquer oficial de orgulho. Mas a última missão no exterior tinha corrido mal. Traída por dentro, viu toda a sua unidade ruir em horas. Os sobreviventes foram poucos. Leonor perguntava-se frequentemente se não teria sido mais gentil não estar entre eles.
Após o regresso, tornou-se dolorosamente claro que já não pertencia ao mundo das operações especiais. Trazia os pesadelos para casa: rostos de camaradas perdidos, ecos de tiros, o peso esmagador de ter sobrevivido quando tantos morreram. Diante dessas memórias, Leonor fez a única coisa que achou possível. Afastou-se do frenesim da cidade. Evitou multidões, luzes brilhantes, expectativas.
Quando surgiu a oportunidade de se juntar à Guarda Florestal no Alentejo, aceitou sem hesitar. O raciocínio era simples: naqueles locais remotos, quando alguém morria, era real. Não se tornava uma estatística esquecida entre relatórios. Eram vidas humanas. Sem ilusões, sem encobrimentos. No deserto, a verdade era tão crua como o sol inclemente.
Os primeiros dias no posto foram calmos. Acordava antes do amanhecer, corria em volta do perímetro empoeirado, e terminava cada dia a estudar mapas topográficos da região. Poucos tentaram aproximar-se. Ela raramente falava a não ser que lhe dirigissem a palavra, e havia uma certa severidade no seu olhar que dissuadia perguntas. Ainda assim, o seu superior, o Superintendente Artur Borges, não tinha queixas da sua atitude profissional.
“Ouvi dizer que ela era das Forças Especiais,” murmurava um dos agentes mais novos. “Será verdade?”
Leonor nunca confirmava nem negava esses rumores. Limitava-se a cumprir o dever com uma precisão quase militar, sem discutir o passado ou os pesadelos.
Certa manhã, o Superintendente Borges chamou-a ao seu gabinete apertado. A voz estava incomumente suave, como se tentasse manter a conversa privada. Ela permaneceu de pé, ignorando o ranger da cadeira de couro gasto quando Borges indicou para se sentar. Ela preferiu ficar em pé.
“Há uma rota nos Montes Nevão,” começou Borges. “Temos rumores de movimentação suspeita na área. Nada concreto, apenas boatos. Pode ser contrabando, pode não ser nada. Acha que consegue verificar sozinha?”
Leonor anuiu com um gesto seco. Uma patrulha solitária não era algo invulgar para ela. Ela preferia, livre do barulho e das dúvidas que vinham com missões em equipa.
Borges fixou-a com um olhar penetrante. “A escolha é tua, Matias. Podes esperar por reforços se quiseres.”
Ela estudou-lhe o rosto. Havia algo estranho no tom dele, mas ignorou. “Consigo sozinha,” disse com firmeza, a voz baixa. “Apenas dá-me o mapa atualizado e qualquer informação que tenhas.”
Meia hora depois, estava a prender o equipamento a uma moto preparada para o deserto. O sol mal ultrapassara o horizonte, e o ar já trazia a promessa de um calor brutal. Levava um cantil, uma carabina M4 com cano encurtado, uma pistola à cintura e um saco pequeno com binóculos, carregadores extra e um rádio de emergência. Quando partiu em direção aos Montes Nevão, o vento do deserto chicoteou-lhe o rosto, e uma estranha calma desceu sobre ela. O vazio da paisagem refletia o vazio que carregava dentro de si.
Os Montes Nevão eram conhecidos pelo terreno implacável: formações rochosas irregulares, dunas de areia movediça e vales onde o vento escaldante criava redemoinhos hipnotizantes. A região era difícil para veículos, tornando-a ideal para traficantes que procuravam rotas ocultas. Leonor fora informada sobre possíveis movimentos suspeitos, mas os detalhes eram escassos—apenas rumores de pegadas ou marcas de pneus que desapareciam entre as dunas.
Passou as primeiras horas a observar de pontos elevados. Nada se mexia, exceto uma raposa do deserto ou uma águia planando nas correntes térmicas. O rádio crepitou uma ou duas vezes com atualizações da estação, mas tudo parecia rotineiro.
Desmontou perto dos restos de um antigo posto de abastecimento—algumas folhas de metal enferrujadas e um abrigo desmoronado que outrora guardara barris de água ou rações básicas. Ao aproximar-se, notou pegadas na areia. Não estavam frescas, mas também não totalmente apagadas pelo vento. Agachou-se, passando os dedos enluvados pelas marcas. Pareciam pegadas de botas—talvez três ou quatro pares—a dirigir-se para o interior do mato.
Os alarmes soaram-lhe na mente, mas não tinha certeza se eram criminosos ou simplesmente caminhantes locais. Decidiu investigar mais.
Os momentos seguintes passaram num borrão. Virou-se para recuperar a moto e sentiu um golpe repentino na parte de trás do crânio. Uma explosão branca invadiu-lhe a visão. Os joelhos cederam. O último pensamento consciente foi o choque de ter baixado a guarda. Depois, a escuridão engoliu-a.
Quando abriu os olhos, Leonor estava de joelhos, os braços presos atrás das costas, despojada das armas e equipamento. Três homens com balaclavas rodeavam-na, falando em tom trocista em português. Viu a M4 e a pistola atiradas para o lado. Os homens vestiam roupa disparatada—calças de combate, bandanas, botas gastas. Um deles, alto e de ombros largos, circulou-a devagar como um predador a avaliar a presa.
“A agente da Guarda Florestal,” disse com uma risada curta. “Olhem para ela. Nem é tão dura como dizem.”
Leonor cerrou os maxilares. A mente acelerou, procurando uma saída, mas estavam-no-a agarrada, as mãos presas com atilhos. Uma onda de tontura rolavOs garranos aproximaram-se em silêncio, seus olhos refletindo uma determinação ancestral, e num ato de coragem impensável, ergueram Leonor do abismo com uma força que só o deserto poderia entender.