Depois do Funeral, Jogaram Minhas Coisas Fora e Me Expulsaram: ‘Esta Casa É Nossa!’ Fiquei Calmo—Até o Tabelião Revelar Que Já Era Minha

5 min de leitura

Chamo-me Inês. Tenho 32 anos e sou diretora financeira numa grande empresa.

Subi a pulso porque, há uma década, a minha própria família me expulsou sem nada.

Quando tinha seis anos, a minha mãe desapareceu. Fugiu com outro homem, deixando um bilhete a dizer que “não aguentava mais ser mãe”. Durante três anos, foi só o meu pai e eu. Ele fez o que pôde, e tínhamos uma rotina tranquila.

Aos nove anos, ela reapareceu — a chorar, a pedir perdão, e com uma menina nos braços. Um teste de ADN provou que a criança, Leonor, era filha do meu pai. Ele perdoou-a, casaram-se outra vez, e eu jurei que a vida ia voltar ao que era.

Nunca estive tão enganada.

Desde o dia em que ela regressou, tornei-me invisível. Toda a atenção passou para a Leonor. Tudo girava em torno dela. Quando me formei como melhor aluna, apareceram mas saíram a meio — a Leonor tinha futebol.

Quando consegui uma bolsa de estudo noutra cidade, fiquei feliz. Depois da universidade, voltei para casa, achando que podia ficar uns meses à procura de emprego.

“Podes ficar duas semanas”, disse o meu pai, sem emoção.
“A Leonor já tem dezasseis anos. Precisa do seu espaço.”
“Já és adulta, Inês”, acrescentou a minha mãe.
“Está na hora de te sustentares.”

Acabei por ficar em casa de uma amiga, arranjei trabalho, e construí uma carreira do zero. Estava farta deles.

Dez anos depois, a minha assistente entrou no meu gabinete. “Inês, há um homem aqui que diz ser o seu pai.”

Desci e lá estava ele — frágil, pálido, envelhecido antes do tempo.

“Tenho cancro”, confessou, baixinho, num café.
“Pâncreas. Os médicos dão-me dois ou três anos.”

Apesar de tudo, continuava a ser o meu pai. “Lamento”, disse, com sinceridade. “O que posso fazer?”

Ele respirou fundo. “A casa. Estou com as prestações em atraso. Quase a ser executada. Quero que a compres. Se liquidares a dívida, é tua. Assim, a tua mãe e a Leonor ficam com o lar delas.”

Olhei para ele. O homem que me pôs na rua agora suplicava que salvasse o teto deles. A minha primeira reação foi rir. Mas depois pensei. Andava à procura de imóveis, e o valor daquela casa tinha disparado.

“Está bem”, concordei. “Vou comprá-la.”

Dois meses depois, os papeis estavam assinados. Eu era a dona da casa onde cresci. A minha mãe e a Leonor não faziam ideia.

Uns meses mais tarde, o meu pai convidou-me para jantar. Foi tão tenso como esperava. O meu pai parecia aliviado, a minha mãe fria, e a Leonor passou o jantar a gabar-se da viagem à Europa, do seu Mercedes novo, e da mala de marca que custara milhares — tudo pago com o dinheiro que eu dera ao meu pai. Limitei-me a sorrir e a comer.

Seis meses passaram. O estado do meu pai piorou. Comecei a passar lá depois do trabalho, já que a minha mãe e a Leonor se recusavam a lidar com “coisas desagradáveis”. Acabei por voltar a dormir no meu quarto de criança, a pedido dele.

Três meses depois, o meu pai morreu. Segurei-lhe a mão enquanto ele dava o último suspiro. A minha mãe e a Leonor tinham saído para comprar roupa para o funeral.

No dia seguinte ao enterro, voltei do cemitério e encontrei as minhas coisas em sacos do lixo no jardim. As fechaduras tinham sido trocadas.

“Sai daqui, Inês!”, gritou a minha mãe lá de dentro. “Esta casa é nossa. Já não moras aqui.”

Não discuti. Enchi o carro e fui-me embora, sabendo o que vinha a seguir.

Dois dias depois, no escritório do advogado, a minha mãe, a Leonor, e o namorado dela, o Tiago, sorriam como se já tivessem ganho.

O advogado leu: à minha mulher, metade da conta bancária. À Leonor, o resto e todos os bens da casa. À Inês, a minha coleção de livros.

A Leonor gritou: “E a casa?”

O advogado franziu a testa. “Não consta do testamento.”

“O quê?!”, berrou a minha mãe. “Ele era o dono!”

“Não segundo os registos”, respondeu o advogado. “O imóvel foi vendido há mais de um ano.”

Um silêncio incrédulo invadiu a sala.

“Isto é impossível!”, disse a minha mãe.

Levantei-me devagar. “Não há engano. Eu comprei a casa há mais de um ano.”

A Leonor ficou branca. “Tu o QUÊ?”

Tirei a escritura. “O pai precisava de dinheiro. Eu ajudei. Tudo legal, registado, em ordem.”

“Estás a mentir!”, guinchou a Leonor.

O advogado examinou o documento. “Parece válido.”

A minha mãe agarrou-o, com a voz a tremer. “Burla! Enganaste-o!”

“Ninguém foi enganado”, respondi, calma. “Ele pediu ajuda. Eu ajudei. Fim da história.”

“Tu sabias!”, a Leonor apontou-me o dedo. “Tu sabias que nós pensávamos que íamos herdá-la!”

“Assumiram”, retorqui, gelada. “E, já agora, têm duas semanas para sair.”

“Duas semanas?!”, exclamou a minha mãe. “Isso é impossível!”

“Deviam ter pensado nisso antes de atirar as minhas coisas para o jardim”, disse, saindo.

Na semana seguinte, o telefone tocou sem parar. A minha mãe aos gritos, a Leonor a ameaçar. Ignorei tudo.

Duas semanas depois, fui lá. Havia uma carrinha de mudanças na entrada. Por dentro, a casa estava vazia — móveis, eletrodomésticos, até os assentos da sanita tinham ido. Só ficaram os livros do meu pai.

A Leonor olhou para mim, com lágrimas nos olhos.

“Isto é culpa tua! Estamos num apartamento de merda por tua causa!”

“Não”, respondi, tranquila. “Estão aí porque esbanjaram a herança em luxos em vez de serem responsáveis.”

Saíram sem mais uma palavra.

Fiquei de pé, na minha casa vazia, e sorri.

Meses depois, soube que a minha mãe voltara a trabalhar a tempo inteiro. A Leonor vendeu o carro e arranjou emprego numa loja. O Tiago deixou-a logo que percebeu que ela não era rica.

Leave a Comment