A jovem empregada de mesa não imaginava que um simples ato de bondade lhe custaria o emprego. Numa terça-feira fria, viu um homem idoso com um golden retriever a tremer junto à janela do café.
O homem parecia exausto, e a sua roupa denunciava um passado nas Forças Armadas. A empregada, chamada Beatriz Almeida, aproximou-se e disse:
— O café é por minha conta hoje — e entregou-lhe uma chávena fumegante.
O veterano contou que o seu cão de serviço, o Bento, estava ferido e que iam a caminho da clínica veterinária mais próxima. Ele próprio não comia há dois dias. Beatriz tirou logo da bolsa uma sanduíche e uma garrafa de água, oferecendo-as ao cão.
Mas o gerente viu e repreendeu-a com firmeza: — Não se pode dar comida sem autorização.
As palavras não a detiveram — ela insistiu em pagar do seu bolso. O gerente recusou. Minutos depois, Beatriz foi despedida à frente do veterano e dos clientes.
O homem pousou-lhe a mão no ombro e disse com calma:
— Não fez nada de errado. Espere aqui, eu volto já.
Beatriz saiu do café, apertando o avental entre as mãos, sem perceber que o seu gesto de bondade iria mudar a sua vida em instantes.
O que aconteceu em seguida deixou todos boquiabertos.
Mal Beatriz pisou a rua, um movimento incomum chamou-lhe a atenção. Vários homens fardados do Exército aproximaram-se da porta do café, e tudo parou.
Clientes e transeuntes fitaram a cena, os corações acelerados pela expectativa. Um dos militares avançou e perguntou com voz firme:
— É a Beatriz Almeida?
Ela anuiu, confusa.
— Soubemos do que fez — continuou ele. — Demonstrou verdadeira compaixão e coragem. É exatamente o que ensinamos: ajudar quem precisa.
O veterano, Afonso Costa, que assistira ao despedimento, aproximou-se com um sorriso. Os militares entregaram-lhe um envelope com uma carta de agradecimento do comandante e um convite para um evento em apoio a veteranos e aos seus animais.
Beatriz sentiu as lágrimas a queimarem-lhe os olhos. O pequeno gesto que lhe custou o emprego transformara-se numa oportunidade de mudar não só a sua vida, mas a de muitos outros.
Os transeuntes aplaudiram, e o café, antes palco de conflito, tornou-se cenário de uma lição de humanidade.