A Madrasta Malvada a Jogou no Rio, e 20 Anos Depois Ela Voltou para se Vingar!

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**O Reckoning do Rio**

Vinte anos atrás, sob o pálido sol da manhã, uma jovem chamada Leonor estava à beira da Ponte do Tejo, encarando as águas revoltas do rio abaixo. Tinha dezanove anos, o coração pesado pela perda do pai, mas grata pela mulher que a criara desde os doze: sua madrasta, Margarida Peixe. Naquele dia, Leonor confiava cegamente em Margarida, sem suspeitar que essa confiança seria traída num momento de crueldade.

O pai de Leonor fora um homem rico, deixando para trás três edifícios e uma próspera empresa de construção. No testamento, tudo ficou para Leonor, com Margarida como tutela até ela completar vinte e um anos. Durante sete anos, Margarida interpretou o papel de madrasta perfeita—cozinhando os pratos favoritos de Leonor, penteando-lhe os cabelos e apoiando os seus sonhos. Mas, por trás do sorriso afetuoso, escondiam-se inveja e ganância. À medida que o aniversário de Leonor se aproximava, o medo de Margarida de perder a fortuna transformou-se em obsessão.

Naquela terça-feira fatídica, Margarida sugeriu um passeio para visitar a tia de Leonor. A manhã pareceu estranha—os gestos de Margarida eram demasiado calculados, os sorrisos forçados. Mesmo assim, Leonor aceitou, confiando na mulher que fora sua família por tanto tempo. Durante a viagem, conversaram sobre o futuro de Leonor e os planos para a empresa. Mas, ao atravessarem a Ponte do Tejo, Margarida parou o carro, alegando um barulho estranho. Saíram, o vento do rio a rodopiá-las.

Parada à beira da ponte, Leonor sentiu um calafrio. De repente, a voz de Margarida tornou-se cortante, as palavras carregadas de veneno: “Pensas que mereces tudo o que o teu pai construiu? Que és melhor do que eu só porque tens o seu sangue? Eu também lutei por esta vida. Sacrifiquei-me. Não vou deixar que uma menina mimada me tire tudo.” Antes que Leonor pudesse reagir, sentiu as mãos de Margarida a empurrá-la. O mundo girou, a ponte encolheu-se acima dela enquanto caía nas águas negras e geladas.

O rio foi impiedoso. Leonor lutou para alcançar a superfície, os pulmões a arderem com a água salobra. Antes da escuridão a envolver, viu o rosto de Margarida acima, distorcido de satisfação. Quando acordou, já eram passados três dias; estava numa pequena vila piscatória. Um velho pescador, o senhor António, encontrara-a quase morta, e a mulher dele, a Dona Maria, cuidou dela até se recuperar. Leonor disse não se lembrar de nada, e o casal chamou-lhe “Bia”, diminutivo de Beatriz. Mas, na verdade, Leonor lembrava-se de tudo. Só não estava pronta para voltar.

Durante cinco anos, Leonor—agora Bia—viveu com os Antónios. Aprendeu o valor do trabalho duro, ajudando na pescaria e encontrando conforto numa vida simples. Mas todas as noites, os pensamentos sobre Margarida queimavam-lhe a mente. Questionava-se sobre as mentiras que Margarida contara sobre o seu desaparecimento, o que fora feito da herança e como a sua memória fora apagada.

Através de perguntas discretas, Bia descobriu que Margarida reportara o seu desaparecimento como um sequestro. A polícia procurou-a durante semanas, mas, sem rasto, Leonor foi declarada morta. Margarida herdou tudo, realizou um funeral dramático com um caixão vazio e espalhou que Leonor fugira depois de roubar a família. A mentira alastrou, manchando o nome de Leonor.

Com a dor transformada em determinação, Bia começou a trabalhar com uma organização de apoio jurídico, aprendendo sobre leis de propriedade e heranças. Poupou cada cêntimo e montou um pequeno negócio, vendendo peixe a restaurantes da cidade. Ao longo de sete anos, contratou um detetive particular para investigar Margarida. As descobertas revoltaram-na: Margarida vendera dois edifícios, vivia em luxo e apagara qualquer vestígio de Leonor da casa da família.

A raiva de Bia transformou-se num plano de justiça. Estudou gestão de empresas e fraude financeira, juntando provas. Descobriu que Margarida não só roubara a herança como também escondia dinheiro em paraísos fiscais e enganava o fisco. No décimo ano longe de casa, Bia fundou uma pequena empresa de construção sob a nova identidade, direcionando projetos perto dos negócios de Margarida. Os anos difíceis mudaram-na: estava magra, forte, os olhos carregados de segredos. Quando finalmente se reencontraram numa conferência de negócios, Margarida não a reconheceu. Tornara-se complacente, adornada com as jóias que pertenceram ao pai de Leonor, desdenhando Bia como mais uma concorrente.

Isso disse a Bia tudo o que precisava saber: Margarida não sentia remorso, nem medo—esquecera o crime. Durante mais cinco anos, Bia construiu a empresa e reuniu provas. Reconectou-se com velhos amigos do pai, semeando dúvidas sobre a suposta morte e as histórias de Margarida. Descobriu então algo terrível: Margarida casara-se duas vezes antes do pai de Leonor. Ambos os maridos morreram em circunstâncias suspeitas depois de alterarem os testamentos a seu favor. A polícia investigara, mas não encontrara provas.

Bia percebeu que não buscava apenas vingança—estava a caçar uma predadora. Contactou as famílias dos antigos maridos de Margarida, juntando provas que expunham um padrão de assassinatos. No décimo quinto ano de exílio, estava pronta. Tinha uma empresa bem-sucedida, um dossier repleto de provas e aliados. Mas também encontrara algo inesperado: paz. A menina mimada que caíra da ponte desaparecera. No seu lugar, estava uma mulher que conquistara cada respiro.

Numa manhã chuvosa, exatamente vinte anos depois da traição, Bia entrou no escritório da empresa de Margarida. Vestia um simples vestido negro e levava uma pasta com duas décadas de provas. A rececionista anunciou-a como uma potencial sócia. Margarida deixou-a esperar uma hora—um jogo de poder que outrora intimidaria Leonor, mas que agora só divertia Bia.

Quando finalmente entrou no gabinete, encontrou Margarida como esperado: atrás de uma enorme secretária, rodeada de arte cara. Mal levantou os olhos. “Tens cinco minutos. O meu tempo é valioso.” Bia sentou-se calmamente, colocando uma fotografia na mesa: ela e o pai no seu décimo oitavo aniversário. Margarida olhou, e o telemóvel escapou-lhe das mãos. “Olá, Margarida. Sentiste a minha falta?”

O rosto de Margarida passou do choque ao medo, depois à raiva. “Isso é impossível. Estás morta. Eu vi-te afogar-te.”
“Mas sobrevivi,” respondeu Bia. “Sobrevivi à queda, ao rio e a vinte anos de planeamento. A questão é: vais tu sobreviver ao que vem a seguir?”

Margarida perdeu a compostura. Começou a andar de um lado para o outro, murmurando que isto não podia estar a acontecer. Depois, enfrentou Bia: “E então? Sobreviveste. E agora? Não tens provas. É a tua palavra contra a minha. Quem vai acreditar numa morta?”
Bia sorriu, abrindo a pasta. “Tens razão numa coisa: Leonor morreu há vinte anos. Mas a Bia esteve muito ocupada. Extratos bancários a provar fraude. Seguros que reclamaste ilegalmente. EE, enquanto as autoridades levavam Margarida algemada, Bia olhou pela última vez para o rio que um dia a tentou engolir e sorriu, sabendo que finalmente estava livre.

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