12 de Maio, 2024
Hoje presenciei algo que jamais esquecerei. Uma alcateia de hienas cercou um pequeno elefante indefeso, prestes a atacar, mas nunca iriam adivinhar quem apareceu para salvá-lo…
O elefantinho ainda mal sabia controlar as pernas tremulas, mas já explorava o mundo com olhos cheios de maravilha. A manada seguia o seu caminho habitual entre os riachos da Serra da Estrela, atravessando os campos de carqueja e urze. A líder era uma velha matriarca sábia, enquanto a mãe do pequeno caminhava perto de um macho adulto, acariciando o filhote de vez em quando com a tromba.
A curiosidade falou mais alto. Enquanto os adultos reviravam o solo à procura de raízes, o elefantinho viu uma borboleta de asas cor de laranja e, batendo as orelhas alegremente, saiu a correr atrás dela. Brincou, atirou folhas ao ar, fez barulho com a tromba — e nem percebeu como se afastou tanto da manada.
Quando parou para olhar em volta, só viu a vastidão dos campos alentejanos. O coração acelerou-lhe no peito. Foi então que os arbustos se moveram — e deles surgiram hienas raivosas. Oito fêmeas adultas rodearam o pequeno, olhos amarelos a brilhar, dentes prontos para a próxima refeição.
O elefantinho abriu as orelhas, berrou, tentando assustá-las. Mas elas só se aproximaram mais. Uma delas avançou, arranhando-lhe o flanco com as garras. Ele guinchou, chamando pela mãe em pânico. A manada ouviu, e a mãe arrancou a correr, mas estava demasiado longe — não chegaria a tempo.
Foi então que ele apareceu… 😱
O chão tremeu com passos ainda mais pesados. Por trás de um outeiro, surgiu uma silhueta que as hienas nunca esperariam — um velho rinoceronte, enorme e marcado por batalhas. A pele era um mapa de cicatrizes, o chifre afiado como uma lança.
Investiu contra o meio do círculo, espalhando as hienas como se fossem bonecos de trapos. Com um pisão furioso, mandou uma delas rolar pelo chão. As outras, sentindo o perigo, recuaram e, por fim, fugiram aos uivos.
O elefantinho tremia, mas o rinoceronte inclinou a cabeça com cuidado, como se perguntasse: “Estás bem?” Nesse instante, chegou a mãe, envolvendo o filhote com a tromba e berrando de alívio. Ela esticou-se para o rinoceronte, numa agradecimento silencioso. Ele apenas bufou, afastando-se de volta para os arbustos, um guardião invisível daquele lugar.
Hoje aprendi: às vezes, a ajuda surge do sítio onde menos esperamos. E talvez, por isso mesmo, seja a mais valiosa.