Os gêmeos ricos eram cegos… até a nova babá fazer o que nenhum médico ousouA nova babá, com um toque suave e palavras misteriosas, fez os meninos abrirem os olhos pela primeira vez, revelando um mundo que todos achavam perdido para sempre.

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O mármore impecável, os lustres de cristal, os quadros de pintores famosos pendurados em paredes tão inertes quanto ele. Tudo brilhava, mas nada tinha vida. A sua fortuna levara-o longe: investimentos, edifícios, viagens, luxos. Mas o que nunca conseguira comprar era o que mais desejava: a visão dos seus filhos. Tomás e Duarte, gémeos de 8 anos, nasceram cegos. Os médicos disseram, no início, que era uma cegueira transitória, algo que poderia melhorar com terapias, cirurgias experimentais, tratamentos caríssimos no estrangeiro. Guilherme gastara milhões em cada tentativa. Assinara documentos na esperança desesperada, voara com eles de país em país à procura de uma resposta.

O resultado era sempre o mesmo: esperança, desilusão, silêncio. A mansão transformara-se num espaço vazio de som. Os gémeos passavam os dias entre tutores particulares que lhes ensinavam braille, exercícios motores e jogos adaptados, mas a sensação que permeava tudo era de confinamento. Os rapazes não riam como as outras crianças. Não corriam pelos corredores, não se maravilhavam com a cor de um brinquedo, nem apontavam para nada com o dedo. A casa não tinha gritos infantis, perguntas ingénuas, não tinha cores. Guilherme, parado diante das janelas, observava o jardim banhado pelo sol da manhã. Tudo estava coberto de verde vivo, mas o único contraste que o feria era o mais cruel: os seus filhos nunca veriam aquilo. Foi então que ouviu os passos da sua assistente, Beatriz, a aproximar-se. —Senhor Albuquerque — disse, com um respeito ensaiado —, a nova ama chegou. Guilherme virou a cabeça ligeiramente. Já tinham passado quatro em menos de dois anos. Todas acabavam por ir embora exaustas ou frustradas. “Não sabem lidar com eles”, diziam. “É demasiado difícil.” E, em parte, ele não as culpava. —Que entre.

A porta abriu-se e apareceu Joana, uma jovem de rosto simples, cabelo escuro preso numa trança e olhos que pareciam observar tudo com uma calma fora do comum. Não se vestia como as amas anteriores, que chegavam impecáveis com roupas caras. Ela usava um vestido modesto, sapatos confortáveis e uma mala desgastada pendurada no ombro. Guilherme observou-a de alto a baixo com frieza. —Então você é a recomendada pela fundação. —Sim, senhor Albuquerque. Joana Moreira. Trabalhei com crianças com deficiência sensorial — respondeu ela, voz firme, sem hesitar.

Guilherme apertou os olhos. —Aviso-a desde já. Não espero milagres. Os meus filhos não precisam de brincadeiras para se distrair. Precisam de disciplina, estrutura, ordem. Se o que pretende é enchê-los de falsas esperanças, pode ir-se embora agora mesmo.

Joana manteve o olhar. —Não venho dar falsas esperanças, senhor Albuquerque, mas acredito que os seus filhos podem aprender a ver de outra forma. O silêncio que se seguiu foi incómodo. Beatriz pestanejou, surpresa. Ninguém costumava contradizer o milionário na sua própria casa. Guilherme, endurecido, soltou uma risada curta e seca.

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