Rico Chega Antes em Casa e Fica Chocado com o que Encontra

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O milionário chega mais cedo a casa e quase desmaia com o que vê. Afonso Mendes nunca se sentira tão perdido como nos últimos meses. O empresário de sucesso que liderava uma das maiores construtoras de Lisboa descobriu que todo o seu dinheiro não valia de nada quando se tratava de sarar o coração partido de uma menina de 3 anos.

Foi então que decidiu sair mais cedo da reunião com investidores japoneses. Algo dentro dele puxava-o para casa, uma sensação estranha que não conseguia explicar. Ao abrir a porta da cozinha da sua mansão em Cascais, Afonso teve de se segurar na ombreira para não cair.

A sua filha Leonor estava nos ombros da empregada, as duas a cantar uma canção infantil enquanto lavavam a loiça juntas. A menina ria de um modo que ele não via há meses. “Agora esfrega bem aqui, princesa”, dizia Carmo, a empregada, guiando as mãozinhas da menina. “Isso mesmo, que menina tão esperta tu és.” “Tia Carminha, posso fazer bolinhas de sabão?”, perguntou Leonor com uma voz cristalina que Afonso pensara ter perdido para sempre.

O empresário sentiu as pernas a tremer. Desde que Sofia falecera num acidente de carro, Leonor não proferira uma única palavra. Os melhores psicólogos infantis do país garantiam que era normal, que a menina precisava de tempo para processar a perda. Mas ali, naquela cozinha, ela conversava naturalmente como se nada tivesse acontecido.

Carmo notou a sua presença e quase deixou a menina escorregar dos ombros. “Senhor Afonso, não estava à espera do senhor”, começou a explicar, visivelmente nervosa. “Pai!”, gritou Leonor, mas logo encolheu-se como se tivesse feito algo de errado. Afonso correu para o escritório, fechando a porta com um estrondo. As mãos tremiam-lhe enquanto servia um copo de whisky.

A cena que acabara de testemunhar perturbava-o de um modo que não compreendia – como é que aquela jovem conseguiu em poucos meses o que ele não conseguira, como é que a sua própria filha falava com a empregada de um modo que já não fazia com ele.

Na manhã seguinte, Afonso fingiu sair para o trabalho como sempre, mas estacionou o carro a algumas ruas de distância e voltou a pé. Precisava entender o que se passava na sua própria casa. Entrou por trás e subiu diretamente para o escritório, onde montou rapidamente umas câmaras pequenas que comprara pelo caminho.

Durante a semana seguinte, saía mais cedo do trabalho para ver as gravações. O que descobriu deixou-o ainda mais perturbado. Carmo Rodrigues, de apenas 24 anos, transformava cada tarefa doméstica num jogo educativo. Conversava com Leonor sobre tudo, desde as cores das roupas que dobavam até aos ingredientes da comida que preparavam.

“Olha, princesa, quantas cenouras temos aqui?”, perguntava Carmo, cortando os legumes. “Uma, duas, três, cinco!”, respondia Leonor a bater palmas. “Isso mesmo, és muito esperta. E sabes porque é que a cenoura é laranja?” “Não sei, tia Carminha.” “Porque tem uma vitamina especial que faz os nossos olhos fortes, para vermos tudo de bonito neste mundo.” Afonso observava estas cenas com uma mistura de gratidão e ciúmes.

Gratidão porque a filha claramente melhorava. Ciúmes porque ele não sabia criar aquela ligação que parecia tão natural entre as duas. As gravações revelaram ainda algo que o inquietou. Dona Adelaide Fernandes, a governanta que trabalhava na casa há 20 anos, observava Carmo com desconfiança constante.

A mulher de 62 anos, que o ajudara a criar quando era pequeno, claramente desaprovava os métodos da jovem empregada. “Carmo, estás a passar dos limites”, ouviu Afonso dizer a Adelaide numa das gravações. “Não é o teu papel educar a menina. Contrataram-te para limpar a casa.”

“Dona Adelaide, só estou a tentar ajudar”, respondeu Carmo com voz suave mas firme. “A Leonor é uma menina muito especial.” “Especial ou não, não é da tua conta. Faz o teu trabalho e pronto.” A tensão era palpável mesmo através do ecrã do computador. Afonso percebeu que havia dois mundos a chocar na sua casa, e ele estava no meio de uma guerra silenciosa que nem sabia existir.

Na quinta-feira dessa semana, recebeu uma chamada que mudaria tudo. Era da diretora do infantário onde Leonor começara a ir recentemente. “Senhor Afonso, tenho uma notícia maravilhosa”, disse a educadora Teresa Martins. “A Leonor finalmente começou a interagir com as outras crianças. Hoje brincou na casinha com outras três meninas e contou histórias sobre como ajuda a tia Carmo em casa.”

Afonso largou os papéis em cima da mesa. “Como assim, educadora?” “Ela diz que aprende a cozinhar, a arrumar as coisas, que a tia Carmo conta histórias sobre princesas que ajudam em casa. É impressionante como a menina mudou. Fizeram algum tratamento novo?” “Não, não exatamente”, balbuciou Afonso.

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